Por Luis Jaime Acosta
MEDELÍN, Colômbia (Reuters) - Membros da Organização dos Estados Americanos (OEA) encerraram dois dias de reuniões sem um plano claro para aumentar a pressão sobre o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, apesar de um voto da maioria para reconhecer um representante da oposição.
A crise política e econômica do país rico em petróleo dominou as últimas reuniões da OEA, com alguns membros denunciando Maduro como ditador, e outros continuando a apoiá-lo.
O secretário-geral da OEA, Luis Almagro, havia afirmado que o grupo buscaria aumentar a pressão sobre Maduro durante a sessão desta semana, em Medelín, na Colômbia, e até debater eventuais sanções.
Mas os membros ficaram divididos sobre a presença de um representante enviado pelo líder da oposição venezuelana, Juan Guaidó, que argumentou que a reeleição de Maduro, em 2018, foi ilegítima. Em janeiro, Guaidó evocou a Constituição para assumir a presidência interina.
O Uruguai retirou-se da assembleia, na quinta-feira, em protesto. O conselho permanente da OEA aprovou a delegação, em abril, mas Estados-membros não votaram sobre o assunto até a sexta-feira, quando 20 países, inclusive Argentina, Brasil, Canadá, Colômbia, Chile, Equador, Estados Unidos e Peru, apoiaram o reconhecimento até que a Venezuela realize novas eleições.
Oito países votaram contra o reconhecimento da delegação, com seis abstenções. Bolívia, México e Nicarágua expressaram consternação com a presença da oposição.
“A Colômbia votou com entusiasmo por esta declaração”, disse o ministro de Relações Exteriores colombiano, Carlos Holmes Trujillo. “O único objetivo que buscamos é para que nossos irmãos venezuelanos finalmente consigam votar livremente pelo governo que querem”.
O líder da delegação opositora disse que o povo da Venezuela precisa de uma voz na OEA.
“Nossa delegação agradece o apoio ao nosso povo”, disse Julio Borges, durante a reunião. “Podemos abordar a tragédia venezuelana apenas desta maneira - dando voz ao povo venezuelano”.
Guaidó tuitou que a votação foi uma grande vitória para a causa da democracia venezuelana.
Maduro anunciou a retirada da Venezuela da OEA em 2017 e acusou o grupo baseado em Washington de ser uma marionete dos EUA.
A Venezuela está no limbo político, enquanto uma escassez de comida e remédios leva milhões a deixarem o país. O número de imigrantes venezuelanos pode dobrar até o fim do próximo ano, para 8 milhões, disse a OEA, em um relatório, na sexta-feira.