Por Alister Doyle
BONN, Alemanha (Reuters) - As chances de governos de todo o mundo formularem um acordo mediado pela Organização das Nações Unidas (ONU) para combater a mudança climática em dezembro parecem melhores do que na véspera da tentativa fracassada de 2009, disseram especialistas nesta segunda-feira, quando delegados de quase 200 nações se reuniram na esperança de superar divisões profundas.
As lembranças da cúpula da ONU em Copenhage em dezembro de 2009, quando líderes globais, incluindo o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, foram incapazes de firmar um acordo para evitar mais ondas de calor, enchentes e aumento das marés, paira sobre as conversas em Bonn, na Alemanha.
"Estamos mais próximos de um acordo" do que na mesma época antes de Copenhage, disse Elina Bardram, chefe da delegação da Comissão Europeia, à Reuters. "Mas ainda há muito a ser feito".
Autoridades governamentais de primeiro escalão deram início a cinco dias de reuniões na ex-capital da Alemanha Ocidental com a meta de reduzir um rascunho de texto inflexível de 83 páginas na penúltima sessão preparatória antes da cúpula da ONU em Paris entre 30 de novembro e 11 de dezembro.
O texto contém uma mistura de propostas. Alguns países pobres estão pedindo o fim de todas as emissões de gases de efeito estufa até 2050, em contraste com os países da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), que preferem não falar em prazos.
"As chances de sucesso são muito maiores" do que na véspera do encontro de Copenhage, afirmou Yvo de Boer, que era o representante climático da ONU à época e agora chefia o Instituto Global de Crescimento Verde de Seul, à Reuters.
Ele declarou que tanto os EUA quanto a China estão mais comprometidos desta vez, que o novo pacto se baseia em grande parte em propostas voluntárias de cortes de emissões e que as ambições de uma solução que cubra todos os aspectos da mudança climática estão menores.
A ONU disse que a cúpula de Paris será só um passo para se alcançar o objetivo de longo prazo de limitação do aumento das temperaturas globais a 2 graus Celsius em comparação aos tempos pré-industriais.
O tempo está acabando, porque só haverá mais uma reunião de cinco dias em outubro, também em Bonn, antes da reunião parisiense.