Por Ismail Shakil e Stephanie Kelly
(Reuters) - O candidato independente à Presidência dos Estados Unidos Robert F. Kennedy Jr. disse nesta sexta-feira que vai suspender a sua campanha e apoiar o republicano Donald Trump, encerrando possivelmente uma candidatura que começou como democrata e que apostava em um dos nomes mais famosos da política do país.
Estrategistas disseram que não está claro se o apoio do político ajudará Trump. Kennedy afirmou que se encontrou com o candidato e seus auxiliares muitas vezes e que eles concordam em assuntos como a segurança na fronteira, liberdade de expressão e o fim das guerras.
Kennedy disse que removerá seu nome da cédula de dez Estados-chave, que podem determinar o resultado da eleição, mas permanecerá como candidato em outros.
“Ainda há muitos assuntos e métodos sobre os quais continuamos tendo grandes diferenças. Mas estamos alinhados nesses outros temas”, afirmou ele em coletiva de imprensa.
Sua campanha indicou que ele temia ficar na corrida e desviar apoio de Trump, que está em uma disputa apertada com a vice-presidente, Kamala Harris, uma democrata, na eleição de 5 de novembro.
Advogado ambientalista e antivacina, além de filho e sobrinho de dois titãs do Partido Democrata que foram assassinados na turbulenta década de 1960, Kennedy entrou na corrida em abril de 2023, como desafiante do atual presidente, Joe Biden, pela nomeação da legenda.
Na época, eleitores desanimados tanto com Biden e sua idade, quanto com os problemas jurídicos de Trump, fizeram o interesse em Kennedy subir. Ele mudou seus planos e decidiu concorrer como um independente, e uma pesquisa Reuters/Ipsos de novembro de 2023 mostrou ele com 20% de apoio dos norte-americanos, em uma corrida tripla contra Biden em Trump.
Ele veiculou importantes propagandas durante o Super Bowl em fevereiro deste ano, invocando seu pai, o senador Robert F. Kennedy, e tio, o presidente John F. Kennedy, gerando indignação em grande parte de sua família, que foi contra e criticou sua campanha.
Sua irmã, Kerry Kennedy, afirmou nesta sexta-feira que sua decisão de apoiar Trump traía os ideais da família: “É um fim triste de uma história triste”, escreveu ela nas redes sociais.
Por algum tempo, as campanhas de Biden e Trump se mostraram preocupadas de que Kennedy poderia ter apoio suficiente para mudar o resultado eleitoral. Ele travou batalhas difíceis para ter espaço como candidato independente, mas conseguiu importantes posições na Georgia, Michigan, Minnesota e Carolina do Norte, metade dos Estados-chave que determinam o resultado do pleito.
Mas a corrida mudou rapidamente nos últimos dois meses, com Trump sobrevivendo a uma tentativa de assassinato e Biden, de 81 anos, cedendo à pressão de sua legenda e passando a tocha para Kamala. O interesse em Kennedy, então, esvaiu-se.
Uma pesquisa Ipsos no começo deste mês mostrou que o apoio nacional a ele caiu para 4%, um número pequeno, mas que ainda poderia ser significativo no confronto entre Trump e Kamala.
Trump celebrou o apoio de Kennedy durante um evento de campanha em Las Vegas. “Quero agradecer ao Bobby. Foi muito legal”, disse Trump. “Ele é um grande homem, respeitado por todo mundo.”
Em troca a seu apoio a Trump, Kennedy espera um cargo em um futuro governo republicano, disse à Reuters na quarta-feira um financiador de sua campanha.
Kennedy tentou se colocar como uma pessoa de fora da política. Ele disse à Reuters, em entrevista em março, que, caso fosse eleito presidente, não colocaria restrições ao aborto, revogaria muitas medidas do Ato de Redução da Inflação sancionado por Biden e buscaria fechar a fronteira sul para imigrantes que entrassem ilegalmente nos EUA.
Ele também declarou firme apoio a Israel.
(Reportagem de Stephanie Kelly)