Por Guy Faulconbridge e Darya Korsunskaya
MOSCOU (Reuters) - Um tribunal russo ordenou na quarta-feira que um dos vices do ministro da Defesa, Sergei Shoigu, seja mantido sob custódia por suspeita de aceitar subornos, o caso de corrupção de maior repercussão desde que o presidente Vladimir Putin enviou tropas para a Ucrânia em 2022.
O vice-ministro da Defesa Timur Ivanov foi detido na terça-feira no trabalho pelo Serviço Federal de Segurança (FSB), o principal sucessor da KGB da era soviética, por aceitar grandes subornos.
A Corte Distrital de Basmanny, em Moscou, ordenou que Ivanov seja mantido sob custódia até 23 de junho. Ivanov, de 48 anos, foi mostrado de uniforme em pé em uma cela de vidro no tribunal, franzindo levemente a testa, segundo imagens divulgadas pelo serviço do tribunal.
"A investigação acredita que Ivanov entrou em uma conspiração criminosa com terceiros, associando-se a eles com antecedência para cometer um crime organizado por um grupo organizado", disse o serviço do tribunal.
Acrescentou que a conspiração era para receber "bens e serviços em uma escala particularmente grande durante o trabalho de contrato e subcontrato para o Ministério da Defesa".
Ivanov, que disse ser inocente, pode pegar 15 anos de prisão se for condenado. A mídia estatal deu total cobertura ao caso.
A súbita prisão de um aliado de Shoigu, que Putin encarregou de combater a guerra na Ucrânia, desencadeou especulações sobre uma batalha dentro da elite e sobre uma repressão pública à corrupção que assolou as Forças Armadas russas pós-soviéticas.
Alguns blogueiros russos, que acusaram generais seniores de incompetência, se alegraram com a aparente queda de um oficial militar de alto escalão há muito tempo ligado à opulência ostensiva que Putin deixou claro que não quer ver exibida em tempos de guerra.
Uma fonte russa, falando sob condição de anonimato, disse que Ivanov era um aliado próximo de Shoigu e que sua prisão foi um duro golpe para o ministro da Defesa. Shoigu, aliado de Putin e um dos homens mais poderosos da Rússia, deve manter sua posição em uma próxima reformulação do governo.
O Kremlin afirmou que Putin e Shoigu foram informados. Um amigo próximo de Ivanov, Sergei Borodin, também foi acusado de conspirar para aceitar subornos.