Por Andrew Osborn e Tom Balmforth
MOSCOU (Reuters) - Forças de segurança da Rússia detiveram nesta terça-feira um ex-jornalista que trabalha como assessor do chefe da agência espacial russa, que o acusou de traição dizendo que ele passou segredos militares a uma potência não relevada da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).
Filmagens divulgadas pelo serviço de segurança FSB mostraram Ivan Safronov sendo detido por agentes armados que o revistaram antes de colocá-lo em uma van diante de seu apartamento de Moscou.
Mais tarde se ouve Safronov gritar "eu não sou culpado" enquanto agentes mascarados o levam diante de repórteres a uma audiência em um tribunal, que foi fechada ao público e que deveria determinar os termos de sua custódia.
Safronov, que cobriu assuntos militares para dois jornais de circulação nacional, pode passar até duas décadas na prisão se for condenado. Acredita-se que seu julgamento ocorrerá a portas fechadas devido à sensibilidade do processo.
É a primeira vez em quase duas décadas que um jornalista é acusado de traição na Rússia, disse Ivan Pavlov, um advogado proeminente.
Sua detenção provocou o temor de uma nova onda de repressão contra jornalistas, e a redação do Kommersant, um dos jornais em que ele trabalhou, disse em uma editorial que as alegações parecem absurdas porque ele é um verdadeiro patriota.
Alguns dos ex-colegas jornalistas de Safronov protestaram diante da sede do FSB e depois foram detidos. O FSB acusou Safronov de trabalhar para um serviço de inteligência estrangeiro não identificado.
A agência espacial disse que Safronov não tinha acesso a segredos e que o caso não tem relação com seu trabalho ali.
(Reportagem adicional de Alexander Marrow, Maxim Rodionov, Anton Zverev e Alexander Reshetnikov)