(Reuters) - A Rússia reagiu com fúria nesta quarta-feira à decisão da Alemanha de aprovar a entrega de tanques Leopard 2 à Ucrânia, dizendo que Berlim está abandonando sua "responsabilidade histórica para com a Rússia" decorrente dos crimes nazistas na Segunda Guerra Mundial.
A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores Maria Zakharova disse no Telegram que a decisão confirma o envolvimento da Alemanha em uma "guerra planejada previamente" contra a Rússia.
A embaixada russa em Berlim disse que a decisão --que abre caminho para outros membros da Otan também enviarem tanques fabricados pela Alemanha --intensificará o conflito para um novo nível e levará a uma "escalada permanente".
"Esta decisão extremamente perigosa leva o conflito a um novo nível de confronto", disse o embaixador Sergei Nechayev.
Ele acrescentou que isso causará "danos irreparáveis à já deplorável situação das relações entre Rússia e Alemanha".
Não houve reação imediata do presidente Vladimir Putin, que pouco depois do anúncio participou de uma reunião televisionada com estudantes. Ele se referiu apenas brevemente à situação de segurança "complicada" que a Rússia enfrenta.
A Ucrânia e seus aliados ocidentais dizem que a invasão da Rússia, iniciada em 24 de fevereiro do ano passado, equivale a uma guerra gratuita de agressões com o objetivo de tomar territórios. Moscou diz que o Ocidente está usando a Ucrânia para enfraquecer a segurança da Rússia.
A decisão da Alemanha sobre os tanques foi tomada após semanas de angústia pelo governo do chanceler Olaf Scholz, devido a preocupações sobre uma escalada da guerra e provocações da Rússia.
Mais de 80 anos depois de a Alemanha invadir a Rússia soviética e a Ucrânia na Segunda Guerra Mundial, alguns alemães recuam diante da ideia de enviar tanques para lá em meio a um senso de culpa histórica que o comunicado da embaixada russa citou.
"A escolha de Pequim significa a recusa final da República Federal da Alemanha de reconhecer sua responsabilidade histórica com nosso povo pelos terríveis crimes atemporais do nazismo durante a Grande Guerra Patriótica, e relega ao esquecimento a trajetória difícil da reconciliação pós-guera entre russos e alemães", disse Nechayev.
Há meses Kiev pedia por tanques ocidentais que diz precisar desesperadamente para dar a suas forças o poder de fogo e a mobilidade de romper as linhas defensivas russas e reconquistar o território ocupado no leste e no sul.