MOSCOU (Reuters) - O atual confronto entre a Rússia e o Ocidente em torno da guerra na Ucrânia não tem paralelo na história e um erro pode levar a uma catástrofe, disse um importante diplomata russo nesta quinta-feira, ao ser questionado sobre comparações com a Crise dos Mísseis de Cuba de 1962.
A guerra na Ucrânia, que já dura dois anos e meio e é o maior conflito terrestre na Europa desde a Segunda Guerra Mundial, tem desencadeado um grande confronto entre a Rússia e o Ocidente, e as autoridades russas dizem que ele agora está entrando em sua fase mais perigosa até o momento.
Diplomatas russos já fizeram comparações com a crise de 1962, quando se considera que as superpotências da Guerra Fria chegaram mais perto de uma guerra nuclear intencional, após Moscou colocar secretamente mísseis em Cuba.
Mas o vice-ministro das Relações Exteriores, Sergei Ryabkov, disse a repórteres nesta quinta-feira: "O que está acontecendo não tem análogos no passado."
Ryabkov, que supervisiona o controle de armas e as relações com a América do Norte, disse a repórteres em Moscou que o perigo de um confronto armado entre as potências nucleares não deve ser subestimado.
"Estamos atravessando um território militar e político inexplorado", disse.
Ryabkov apontou que um erro na atual conjuntura poderia levar a um desastre, mas questionou se o Ocidente seria capaz de "avaliar sensatamente as consequências de seu curso".
A Rússia vem alertando os Estados Unidos e seus aliados há semanas que, se eles derem permissão à Ucrânia para atacar com profundidade dentro do território russo com mísseis fornecidos pelo Ocidente, Moscou considerará isso uma grande escalada.
Há meses, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, vem pedindo aos aliados de Kiev que permitam que a Ucrânia dispare mísseis ocidentais com profundidade dentro da Rússia para limitar a capacidade de Moscou de lançar ataques.
O presidente russo, Vladimir Putin, disse em 12 de setembro que a aprovação ocidental para essa ação significaria "o envolvimento direto dos países da Otan, dos Estados Unidos e dos países europeus na guerra na Ucrânia".
O chefe do Kremlin mudou a doutrina nuclear russa para dar à Rússia um critério ligeiramente mais baixo para o uso dessas armas em resposta à situação.
Zelenskiy tem pedido ao Ocidente que cruze e desconsidere as chamadas "linhas vermelhas" russas. A Rússia, a maior potência nuclear do mundo, diz que isso é loucura.
(Por Dmitry Antonov)