Por Andrew Osborn e Polina Nikolskaya
MOSCOU/DONETSK (Reuters) - A Rússia enfrentava a perspectiva de novas e duras sanções ocidentais nesta terça-feira, depois que o presidente russo, Vladimir Putin, reconheceu duas regiões separatistas no leste da Ucrânia e ordenou o envio de tropas para lá, intensificando os temores ocidentais de uma grande guerra na Europa.
A Ucrânia disse que dois soldados foram mortos e 12 ficaram feridos em bombardeios por separatistas pró-Rússia no leste nas últimas 24 horas, e relatou novas hostilidades na manhã de terça-feira.
Um jornalista da Reuters viu tanques e outros equipamentos militares se movendo pela cidade de Donetsk, controlada pelos separatistas, durante a noite, mas nenhuma insígnia era visível nos veículos.
Líderes ocidentais estão tentando descobrir o que Putin fará a seguir e se a Rússia planeja uma invasão em larga escala da Ucrânia depois de reunir tropas perto das fronteiras de sua ex-vizinha soviética e exigir uma reformulação dos arranjos de segurança na Europa.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, disse que seu país pode romper relações diplomáticas com Moscou.
O Parlamento da Rússia ratificou os tratados com as duas regiões separatistas nesta terça-feira, e os crescentes temores de guerra levaram os preços do petróleo a uma máxima de sete anos nesta terça, enquanto moedas consideradas portos seguros, incluindo o iene, subiram e as ações em todo o mundo caíram.
O anúncio de Putin na segunda-feira e sua assinatura de um decreto sobre o envio de tropas russas para "manter a paz" nas duas regiões separatistas atraíram condenação internacional.
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, assinou um decreto para interromper a atividade comercial dos EUA nas regiões separatistas e autoridades da União Europeia se reuniram para discutir sanções. O principal diplomata da UE prometeu as primeiras medidas punitivas nesta terça-feira.
"Temos que garantir que, aconteça o que acontecer, a Rússia sentirá a dor... para garantir que a Rússia não tenha absolutamente nenhum incentivo para ir mais longe", disse o ministro da Europa da Irlanda, Thomas Byrne.
Linda Thomas-Greenfield, embaixadora dos EUA na Organização das Nações Unidas, afirmou que a descrição das tropas russas como forças de paz era "absurda".
"Podemos, queremos e precisamos permanecer unidos em nossos apelos para que a Rússia retire suas forças, retorne à mesa diplomática e trabalhe pela paz", disse ela a repórteres após uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da Casa Branca na segunda-feira.
O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, repeliu a ameaça de sanções, dizendo que o Ocidente as imporia independentemente dos eventos.
"Nossos colegas europeus, americanos e britânicos não vão parar e não vão se acalmar até esgotarem todas as suas possibilidades para a chamada punição da Rússia", disse ele.
A Rússia tem negado o planejamento para atacar sua vizinha, mas ameaçou uma ação "técnico-militar" a menos que receba garantias de segurança abrangentes, incluindo um compromisso de que a Ucrânia nunca ingressará na aliança militar ocidental Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).