Por Nailia Bagirova e Nvard Hovhannisyan
BAKU/IEREVAN (Reuters) - França, Rússia e Estados Unidos pediram nesta quinta-feira um cessar-fogo imediato entre o Azerbaijão e as forças armênias étnicas nos arredores de Nagorno-Karabakh, e exortaram os lados rivais a retomarem as negociações sem demora.
A medida coincidiu com o aumento do número de mortos nos confrontos mais intensos desde meados dos anos 1990 na região --que é parte do Azerbaijão, mas controlada por seus moradores majoritariamente armênios étnicos.
"Pedimos uma cessação imediata das hostilidades entre as forças militares relevantes", disseram os presidentes francês, russo e norte-americano em um comunicado conjunto na qualidade de copresidentes do Grupo de Minsk da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE).
"Também pedimos aos líderes de Armênia e Azerbaijão para se comprometerem sem demora a retomar negociações substantivas, de boa fé e sem precondições, sob os auspícios dos copresidentes do Grupo de Minsk da OSCE."
Mais cedo, o presidente russo, Vladimir Putin, debateu a crise com o Conselho de Segurança de seu país, disse o porta-voz do Kremlin.
Putin e seu colega francês, Emmanuel Macron, também debateram como o Grupo de Minsk que arbitra o conflito, pode ajudar a encerrar o combate, disse o Kremlin.
A Rússia ainda se ofereceu a receber os ministros das Relações Exteriores da Armênia e do Azerbaijão para conversas sobre o fim do confronto, que irrompeu no domingo, ressuscitando um conflito de décadas no enclave montanhoso.
Desde então, surgiram relatos de dezenas de mortos e centenas de feridos. Nagorno-Karabakh se separou do Azerbaijão em uma guerra travada entre 1991 e 1994 que matou 30 mil pessoas, mas não é reconhecida por nenhum país como uma república independente.
A Procuradoria-Geral do Azerbaijão disse que um bombardeio armênio matou um civil na cidade azeri de Terter na manhã desta quinta-feira e danificou seriamente a estação de trem.
A porta-voz do Ministério da Defesa armênio disse que forças azeris tentaram se reagrupar, mas que foram impedidas de fazê-lo.
O ressurgimento de um dos "conflitos congelados" que remontam ao colapso da União Soviética, em 1991, provocou preocupações a respeito da estabilidade do sul do Cáucaso, um corredor de dutos de petróleo e de gás para mercados de todo o mundo, e o temor de que as potências regionais Rússia e Turquia sejam envolvidas.
O Kremlin disse não haver alternativa ao uso de "métodos políticos e diplomáticos" para resolver a crise.
O gabinete de Macron informou que ele e Putin "também compartilharam sua preocupação quanto ao envio de mercenários sírios por parte da Turquia a Nagorno-Karabakh".
A Turquia, aliada do Azerbaijão de maioria muçulmana, disse que "fará o que for necessário" para ajudá-lo, mas negou ter enviado mercenários.
(Reportagem adicional de Elisabeth Pineau, John Irish e Michel Rose em Paris e Darya Korsunskaya, Katya Golubkova e Maxim Rodionov em Moscou)