MOSCOU (Reuters) - A Rússia contestou nesta segunda-feira as afirmações dos Estados Unidos de que o grupo militante Estado Islâmico orquestrou um ataque a tiros em uma casa de shows nos arredores de Moscou que matou 137 pessoas e feriu outras 182, acusando Washington de acobertar a Ucrânia.
No ataque mais mortal dentro da Rússia em duas décadas, quatro homens invadiram o Crocus City Hall na noite de sexta-feira, atirando nas pessoas durante um show do grupo de rock da era soviética Picnic.
Quatro homens, pelo menos um deles do Tajiquistão, foram presos preventivamente sob acusação de terrorismo. Eles compareceram separadamente, conduzidos a uma jaula no tribunal distrital de Basmanny, em Moscou, por oficiais do Serviço Federal de Segurança.
O Estado Islâmico reivindicou a responsabilidade pelo ataque, uma alegação que os Estados Unidos disseram publicamente acreditar, e o grupo militante desde então divulgou o que diz ser uma filmagem do ataque. Autoridades dos EUA disseram ter alertado a Rússia sobre informações de inteligência a respeito de um ataque iminente mais cedo neste mês.
O presidente Vladimir Putin não mencionou publicamente o grupo militante islâmico em conexão com os agressores, que, segundo ele, estavam tentando fugir para a Ucrânia.
Putin disse que algumas pessoas do "lado ucraniano" estavam preparadas para levar os homens armados para o outro lado da fronteira. A Ucrânia negou qualquer participação no ataque e o presidente Volodymyr Zelenskiy acusou Putin de tentar desviar a culpa do ataque mencionando a Ucrânia.
A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, questionou as afirmações dos EUA de que o Estado Islâmico, que já buscou o controle de áreas do Iraque e da Síria, estava por trás do ataque.
Em um artigo para o jornal Komsomolskaya Pravda, ela disse que os Estados Unidos estavam evocando o "bicho-papão" do Estado Islâmico para cobrir suas "alas" em Kiev, e lembrou aos leitores que Washington havia apoiado os combatentes "mujahideen" que lutaram contra as forças soviéticas na década de 1980.
Duas autoridades norte-americanas disseram na sexta-feira que os Estados Unidos tinham informações de inteligência que confirmavam a reivindicação de responsabilidade do Estado Islâmico.
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, afirmou mais tarde aos repórteres que a Rússia não poderia comentar sobre a reivindicação do Estado Islâmico enquanto a investigação estivesse em andamento, e não comentaria sobre a inteligência dos EUA, dizendo que se tratava de informações confidenciais.
(Reportagem da Reuters)