MOSCOU/ NAÇÕES UNIDAS (Reuters) - O enviado da Rússia para a Coreia do Norte disse nesta quarta-feira que seria lógico abordar a questão do alívio das sanções impostas ao país recluso no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) agora que os Estados Unidos estão defendendo o fim das exportações de petróleo refinado para Pyongyang.
"A mudança positiva na península coreana é óbvia agora", disse o embaixador Alexander Matsegora, segundo a agência de notícias RIA, acrescentando que a Rússia está disposta a ajudar a modernizar o sistema energético da Coreia do Norte se as sanções forem suspensas e se Pyongyang puder conseguir fundos para a modernização.
O Conselho de Segurança da ONU vem aprovando reforços nas sanções de forma unânime desde 2006 com a meta de cortar as fontes de financiamento dos programas nuclear e de mísseis balísticos norte-coreanos, proibindo exportações como as de carvão, ferro, chumbo, têxteis e frutos do mar e limitando as importações de petróleo e derivados de petróleo refinado.
No final do mês passado a China tentou induzir o Conselho de Segurança a emitir um comunicado louvando a reunião entre o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o líder da Coreia do Norte, Kim Jong Un, em Cingapura no dia 12 de junho e expressando sua "disposição de ajustar as medidas para a RPDC (República Popular Democrática da Coreia, nome oficial do país) à luz da obediência da RPDC às resoluções".
Mas os EUA vetaram o comunicado em 28 de junho, dadas as "conversas muito delicadas e em andamento entre os Estados Unidos e a RPDC neste momento", disseram diplomatas. No mesmo dia o secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, conversou com seu homólogo chinês, Wang Yi, sobre a importância da aplicação das sanções.
Pompeo deve atualizar os enviados do Conselho de Segurança, assim como da Coreia do Sul e do Japão, informalmente na sexta-feira.
Diplomatas dizem acreditar que nessa ocasião Pompeo enfatizará a necessidade de manter a pressão sobre a Coreia do Norte.
Em um tuíte desta quarta-feira, Trump disse ter obtido uma promessa do presidente russo, Vladimir Putin, de ajudar a negociar com Pyongyang, mas não explicou como, e ainda disse: "Não há pressa, as sanções permanecem!"
Na semana passada Washington acusou a Coreia do Norte de violar um teto de sanções da ONU ao petróleo refinado fazendo transferências ilícitas entre navios em pleno mar, e exigiu o fim imediato de todas as vendas do combustível.
Os EUA encaminharam a queixa ao comitê de sanções à Coreia do Norte do Conselho de Segurança, que deve decidir até quinta-feira se instruirá todos os países-membros da ONU a suspenderem todas as transferências de petróleo refinado para Pyongyang.
(Por Andrey Ostroukh em Moscou e Michelle Nichols nas Nações Unidas)