Por Andrew Osborn
MOSCOU (Reuters) - A Rússia não está negociando com o governo da Síria o envio de mísseis terra-ar avançados S-300 e não acredita que eles são necessários ao governo sírio, disse um assessor de alto escalão do Kremlin nesta sexta-feira, segundo o jornal Izvestia, em um aparente recuo de Moscou.
Os comentários de Vladimir Kozhin, assessor do presidente russo, Vladimir Putin, responsável por supervisionar a assistência militar da Rússia a outros países, foram feitos após uma visita nesta semana a Moscou do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, que vem fazendo pressão para que Putin não negocie os mísseis.
No mês passado, a Rússia insinuou que forneceria as armas ao presidente sírio, Bashar al-Assad, apesar da objeções de Israel depois de ataques militares ocidentais contra a Síria. O ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov, disse que os ataques acabaram com qualquer obrigação moral que seu país tinha de não negociar os mísseis, e o jornal russo Kommersant citou fontes militares não identificadas segundo as quais o suprimento poderia começar imediatamente.
Mas as colocações de Kozhin, divulgadas tão pouco tempo depois das conversas de Netanyahu com Putin, levam a crer que o empenho do líder israelense deu resultado por ora.
"Neste momento não estamos conversando sobre qualquer fornecimento de sistemas novos e modernos (de defesa aérea)", disse Kozhin quando indagado sobre a possibilidade de enviar os S-300 à Síria, segundo o Izvestia.
Os militares sírios já têm "tudo de que precisam", acrescentou Kozhin.
O Kremlin minimizou a ideia de que voltou atrás na questão dos mísseis ou que qualquer decisão tenha tido relação com a visita do premiê de Israel. "O fornecimento (dos S-300) jamais foi anunciado como tal", afirmou o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, aos repórteres por videoconferência quando questionado sobre o tema.
A possibilidade do envio de mísseis a Assad, além de seu envolvimento militar na própria Síria, ajudou Moscou a ganhar influência no Oriente Médio, e Putin recebeu desde Netanyahu até os presidentes da Turquia e do Irã e o rei saudita.
(Reportagem adicional de Denis Pinchuk)