MUNIQUE/BEIRUTE (Reuters) - A Rússia informou neste sábado que o plano de cessar-fogo na Síria tem mais chances de fracassar do que ser bem sucedido, enquanto as forças do governo sírio, apoiadas por ataques aéreos russos, avançaram sobre terreno controlado por rebeldes no entorno de Aleppo e se aproximaram de Raqqa, principal refúgio do Estado Islâmico.
Os desentendimentos internacionais sobre a Síria voltaram a emergir durante uma conferência em Munique, na qual a Rússia refutou as acusações da França de que esteja bombardeando civis. As rusgas surgiram um dia depois de diversas potências mundiais concordarem em "cessar as hostilidades" dentro de uma semana.
O secretário de Estado dos Estados Unidos, John Kerry, reiterou suas acusações de que a Rússia está alvejando civis e "grupos oposicionistas legítimos" em sua campanha de ataques aéreos na Síria. Ele afirmou que Moscou deve mudar seus alvos de modo a respeitar o acordo de cessar-fogo.
O conflito, reconfigurado desde o início da intervenção russa em setembro, intensificou-se ainda mais desde que as Nações Unidas buscaram retomar as negociações de paz, que foram suspensas no início do mês em Genebra pouco depois de começarem.
Em mais um sinal de escalada da tensão, as Forças Armadas turcas bombardearam alvos da milícia curda ao norte da cidade síria de Azaz neste sábado, disse uma fonte militar turca. Uma autoridade curda disse que o bombardeio teve como alvo a base aérea de Menagh, ao norte de Aleppo, que segundo ele foi capturada pelo grupo Jaysh al-Thuwwar, aliado dos curdos.
O Exército sírio também parecia prestes a avançar sobre a província de Raqqa, controlada pelo Estado Islâmico, pela primeira vez desde 2014, aparentemente para se antecipar a qualquer medida da Arábia Saudita de enviar tropas terrestres para combater os insurgentes jihadistas na Síria.
Ao ser questionado sobre as chances de sucesso do acordo de cessar-fogo, em uma conferência de segurança em Munique neste sábado, o chanceler russo, Sergei Lavrov, respondeu: "49 por cento".
Ao receber a mesma pergunta, o ministro das Relações Exteriores alemão, Frank-Walter Steinmeier, colocou as chances em 51 por cento.
A complexa e multilateral guerra na Síria, que começou em 2011, atraiu o envolvimento da maioria das potências regionais e globais e causou a pior emergência humanitária do mundo. Militantes islamistas de todo o mundo foram atraídos pelo conflito.
((Tradução Redação São Paulo, 5511 5644-7732)) REUTERS PD