Por Dmitry Solovyov e Ellen Francis
MOSCOU/BEIRUTE (Reuters) - A Rússia está enviando mais aviões de guerra à Síria para intensificar sua campanha de ataques aéreos, relatou um jornal russo nesta sexta-feira, um desafio de Moscou ao repúdio global contra uma escalada que países ocidentais dizem ter minado a diplomacia.
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, descreveram os bombardeios russos e sírios na cidade de Aleppo como "bárbaros", disse a Casa Branca depois de os dois líderes conversarem por telefone.
Os combates se agravaram uma semana depois do início de uma nova ofensiva do governo apoiada pela Rússia para capturar totalmente a maior cidade da Síria e esmagar o último bastião urbano da rebelião.
Moscou e seu aliado, o presidente sírio, Bashar al-Assad, rejeitaram um cessar-fogo acordado neste mês ao lançar a ofensiva, possivelmente a maior e mais decisiva batalha da guerra civil síria, que já está em seu sexto ano.
O ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov, afirmou nesta sexta-feira que seu país está disposto a analisar mais formas de normalizar a situação em Aleppo.
Mas em uma conversa telefônica com o secretário de Estado norte-americano, John Kerry, Lavrov criticou a incapacidade de Washington de separar grupos rebeldes moderados daqueles que os russos chamam de terroristas, que permitiram que forças lideradas pela facção antes conhecida como Frente Al Nusra violassem a trégua mediada por Moscou e Washington.
A ligação ocorreu um dia depois de Kerry dizer que não faz sentido realizar negociações adicionais com a Rússia a respeito da Síria "no contexto do tipo de bombardeio que está acontecendo".
Países ocidentais acusam a Rússia de crimes de guerra, dizendo que os russos têm alvejado deliberadamente civis, hospitais e remessas humanitárias nos últimos dias para dobrar a vontade das 250 mil pessoas vivendo sob estado de sítio dentro do setor de Aleppo dominado pelos rebeldes.
Moscou e Damasco afirmam só terem visado militantes.
Centenas de pessoas foram mortas nos bombardeios, e muitas centenas mais ficaram feridas, tendo pouco acesso a tratamentos em hospitais que por sua vez carecem de suprimentos básicos.
Moradores dizem que os ataques aéreos são inéditos em sua ferocidade, empregando bombas mais pesadas que derrubam edifícios sobre as pessoas abrigadas em seu interior.
A Rússia entrou na guerra exatamente um ano atrás, fazendo a balança de poder se inclinar a favor de Assad, que tem o apoio de forças terrestres iranianas e milícias xiitas do Líbano e do Iraque.
O Kremlin disse nesta sexta-feira que não existe um cronograma para a operação militar russa na Síria. O principal resultado da ofensiva aérea da Rússia ao longo do último ano é que "nem o Estado Islâmico, nem a Al Qaeda, nem a Frente Al Nusra estão em Damasco agora", afirmou o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, aos repórteres.