Por Andrea Hopkins
MOSCOU/WASHINGTON (Reuters) - A Rússia lançou ataques aéreos na Síria nesta quarta-feira, a maior intervenção do Kremlin no Oriente Médio em décadas, mas a afirmação de Moscou de que alvejou posições do Estado Islâmico foi questionada imediatamente pelos Estados Unidos e por rebeldes no país.
A ofensiva aérea mergulhou a guerra civil síria de mais de quatro anos em uma fase nova e volátil, já que o presidente russo, Vladimir Putin, está forçando a mão para afirmar a influência da Rússia na instável região.
Moscou e Washington ofereceram relatos conflitantes de quais alvos foram atingidos, enfatizando as tensões crescentes entre os ex-inimigos da Guerra Fria no tocante à decisão russa de intervir. Washington teme que Moscou esteja mais interessada em manter o presidente sírio, Bashar al-Assad, no cargo do que em derrotar o Estado Islâmico.
O Ministério da Defesa da Rússia declarou que os ataques visaram equipamentos militares, instalações de comunicação, depósitos de armas, munições e combustível pertencentes ao grupo sunita radical.
Autoridades norte-americanas, por sua vez, afirmaram que alvos na área de Homs parecem ter sido atingidos, mas não as áreas sob controle do Estado Islâmico.
Antes dos bombardeios, a Rússia alertou os EUA para que mantivessem suas aeronaves fora do espaço aéreo sírio, mas os norte-americanos seguiram em frente com sua campanha aérea contra as forças do Estado Islâmico e disseram ter visado posições da facção próximas da cidade síria de Aleppo.
Em Moscou, Putin declarou que os ataques aéreos na Síria serão limitados em abrangência e que espera que Assad esteja disposto a uma reforma política e a um compromisso para o bem de sua nação e sua população.
"Sei que o presidente Assad entende isso e está pronto para tal processo. Esperamos que ele seja ativo e flexível e esteja pronto para fazer concessões em nome de seu país e seu povo", disse ele aos repórteres.
O secretário de Estado dos EUA, John Kerry, afirmou que Washington ficará "gravemente preocupado" se a Rússia alvejar alvos onde os combatentes do Estado Islâmico não estão presentes. Falando ao Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), Kerry também disse que o grupo
militante "não pode ser derrotado enquanto Bashar al-Assad for presidente da Síria".
(Reportagem adicional de Lidia Kelly, Daria Korsunskaya, Alexander Winning, Gabriela Baczynska, Vladimir Soldatkin, Maria Tsvetkova e Tom Perry e Mariam Karouny em Beirute, Sylvia Westall, Jean-Baptiste Vey em Paris, Will Dunham em Washington)