Por William James
LONDRES (Reuters) - A eleição parlamentar do Reino Unido está sendo vista como uma chance de decidir o que o país fará a seguir a respeito do Brexit, mas o resultado da votação de 12 de dezembro pode não ser decisivo, o que obrigará os partidos a buscarem alianças rapidamente.
Pesquisas de opinião mostram os conservadores do primeiro-ministro, Boris Johnson, na dianteira, mas a eleição é difícil de prever porque o Brexit transcende lealdades políticas tradicionais e vem forçando os partidos a formar pactos que podem distorcer o resultado.
Se nenhum partido obtiver uma maioria absoluta de cerca de 326 cadeiras, os conservadores de Johnson e o Partido Trabalhista, a principal sigla da oposição, terão que procurar partidos menores para tentar encontrar quem os apoie em um governo de minoria.
O QUE ACONTECE SE NINGUÉM CONSEGUIR UMA MAIORIA?
Como premiê, Johnson daria o primeiro passo --seja para renunciar, seja para tentar formar um governo de minoria.
Se ele sair ou não angariar apoio suficiente, o líder trabalhista, Jeremy Corbyn, teria a oportunidade de compor um governo de minoria.
De acordo com comunicados emitidos por partidos menores até agora, Johnson tem menos chance de formar qualquer tipo de aliança do que os trabalhistas no caso de um Parlamento sem maioria.
COMO FUNCIONA UM GOVERNO DE MINORIA?
Qualquer governo precisa ser capaz de vencer uma votação no Parlamento para provar sua capacidade de governar.
Qualquer um que tente governar em minoria, portanto, tem que persuadir um ou mais partidos pequenos a votar consigo para obter uma maioria absoluta ou se abster, diminuindo assim o número total de votos necessários para uma vitória.
O QUE OS PARTIDOS MENORES QUEREM?
PARTIDO NACIONAL ESCOCÊS (SNP) – Tinha 35 cadeiras quando o Parlamento foi dissolvido.
O SNP descartou qualquer coalizão formal e diz que não votaria para tornar Johnson premiê, mas pode estar disposto a formar uma aliança informal com Corbyn se ele concordar em cogitar dar à Escócia outro referendo sobre a independência.
LIBERAIS DEMOCRATAS – Tinham 20 cadeiras quando o Parlamento foi dissolvido.
O partido de centro descartou qualquer coalizão formal e diz que não votaria para instalar Corbyn nem Johnson como primeiro-ministro. Diz ainda que decidirá questão por questão quais políticas de um governo de minoria poderiam apoiar.
Os liberais democratas também são anti-Brexit, por isso seria improvável apoiar qualquer tentativa dos conservadores pró-Brexit de tirar o Reino Unido da União Europeia.
Os Liberais Democratas querem cancelar o Brexit, mas possivelmente apoiariam um governo trabalhista minoritário que prometesse realizar um segundo referendo sobre deixar a UE. Os trabalhistas têm dito que querem negociar um novo acordo de saída com Bruxelas e depois pedir aos eleitores em um novo referendo que o aprovem ou optem por permanecer na UE.
PARTIDO UNIONISTA DEMOCRÁTICO (DUP) – Tinha 10 cadeiras quando o Parlamento foi dissolvido.
O partido norte-irlandês manteve um governo conservador de minoria no poder entre 2017 e outubro de 2019, mas se opôs com firmeza ao acordo do Brexit que Johnson quer implantar.
O DUP, que deseja que a Irlanda do Norte permaneça no Reino Unido e em princípio apoia o Brexit, descartou apoiar um governo liderado por Corbyn.