Por Valentina Za
ROMA (Reuters) - O vice-primeiro-ministro da Itália Matteo Salvini elevou nesta sexta-feira as apostas em uma disputa orçamentária com a União Europeia, ameaçando renunciar e derrubar o governo a não ser que obtenha ao menos 10 bilhões de euros de cortes de impostos.
A Itália está negociando uma revisão do orçamento com Bruxelas para tentar evitar um procedimento disciplinar da União Europeia. A Comissão Europeia acredita que a dívida de Roma, atualmente em cerca de 132%, crescerá – excedendo ainda mais o teto de 60% da produção econômica estabelecido pelo bloco.
Fortalecido pelos bons resultados de seu partido Liga nas eleições locais e do Parlamento Europeu, Salvini fez da redução da alta carga fiscal uma prioridade do governo.
As eleições reverteram o equilíbrio de poder dentro da coalizão governante, formada pela Liga e pelo antiestablishment Movimento 5 Estrelas.
Como os votos da Liga dobraram desde a eleição parlamentar de 2018, Salvini vem atuando como premiê de fato, o que tem alimento os temores do 5 Estrelas de que ele possa convocar uma eleição antecipada.
Salvini disse diversas vezes que o governo cumprirá seu mandato contanto que consiga aprovar medidas essenciais, começando pelos cortes de impostos.
"Não existem cortes de impostos sérios que poderiam ser de menos de 10 bilhões de euros", disse Salvini ao diário Corriere della Sera.
"A Itália precisa de uma reforma tributária ousada. É minha tarefa aprová-la... se eles não me deixarem fazer isso, direi adeus e partirei".
Salvini disse que os cortes são a única maneira de reanimar o crescimento econômico fraco.
O subsecretário do 5 Estrelas, Stefano Buffagni, disse nesta sexta-feira que os cortes de impostos são "fundamentais, mas é preciso fazê-los para valer, não nos jornais".
A Itália enfrenta escolhas difíceis em relação ao seu orçamento para 2020, que fontes do governo disseram ser o pomo da discórdia nas negociações com a UE.
Roma prometeu evitar um aumento programado no imposto sobre o valor agregado, do qual 23 bilhões de euros de rendas adicionais são esperados no ano que vem.
Salvini disse estar disposto a usar qualquer economia orçamentária em 2019 para reduzir o déficit estatal deste ano. "Mas chega de camisa de força em anos futuros, chega de crescimento estrangulado".