Por Belén Carreño e Emma Pinedo
MADRI (Reuters) - O primeiro-ministro socialista da Espanha, Pedro Sánchez, deve assegurar um novo mandato no cargo nesta quinta-feira, encerrando quatro meses de impasse político ao garantir apoio parlamentar para manter-se no posto.
Sánchez, que governa desde 2018, acredita que tem 179 votos na assembleia de 350 assentos para vencer a votação após semanas de negociações com partidos regionais da Catalunha, do País Basco, da Galícia e das Ilhas Canárias, aos quais ele fez concessões em troca de apoio.
Espera-se que a votação ocorra a partir do meio-dia, no horário local, depois que os líderes partidários concluírem o debate.
A confirmação de Sánchez como primeiro-ministro encerraria quatro meses de incerteza desde que uma eleição em julho não produziu um vencedor absoluto. Alberto Nuñez Feijóo, candidato do conservador Partido Popular (PP), conquistou o maior número de cadeiras, mas não conseguiu obter apoio suficiente de outros partidos em sua própria tentativa de liderar o país.
Os acordos fechados pelo Partido Socialista (PSOE) de Sánchez incluem uma lei de anistia para os separatistas catalães com os partidos pró-independência Junts e Esquerra Republicana de Catalunya (ERC), o que provocou protestos e uma condenação feroz de seus opositores.
As autoridades disseram que 15 pessoas foram presas em um protesto de 2.000 pessoas na noite de quarta-feira em frente à sede do Partido Socialista em Madri, após confrontos com a polícia.
NEGOCIAÇÃO CONTÍNUA
Muitos espanhóis estão irritados com o projeto de lei de anistia, que beneficiaria políticos e ativistas que participaram de uma tentativa de separar a Catalunha da Espanha que atingiu seu ápice em 2017. O projeto de lei foi registrado no Parlamento na segunda-feira.
Feijóo, que acusou Sánchez de minar o Estado de Direito na quarta-feira, convocou protestos em massa para o sábado, 18 de novembro.
Sánchez argumentou na quarta-feira que uma anistia ajudaria a aliviar as tensões na Catalunha.
No entanto, a composição da nova coalizão significará que a aprovação de qualquer legislação exigirá "negociação contínua e adesão estrita aos acordos, especialmente no caso dos separatistas catalães", disse o Thinking Heads, um think tank com sede em Madri, em um relatório.
Embora os socialistas digam que os acordos incluem a garantia de "estabilidade" na legislatura, não há nenhum acordo formal para apoiar o orçamento. Ele será negociado "de boa fé", de acordo com uma fonte socialista graduada.
"Se não houver progresso, não endossaremos nenhuma iniciativa apresentada por seu governo", alertou a porta-voz parlamentar do Junts, Miriam Nogueras, na quarta-feira.
Sánchez também enfrentará a pressão dos separatistas para autorizar outro referendo de independência.
"O compromisso com a independência é inabalável", disse Nogueras. "Se alguém disser que esse acordo é para virar a página, está enganando o público."