Por Flavia Bohone
SÃO PAULO (Reuters) - O principal índice da bolsa paulista fechou em alta pelo quatro pregão seguido nesta quarta-feira e voltou ao 76 mil pontos pela primeira vez em dois meses, tendo ações de empresas ligadas ao consumo e varejo entre os destaques positivos, em mais uma sessão de liquidez reduzida devido à proximidade com o fim do ano.
O Ibovespa fechou a penúltima sessão do ano em alta de 0,48 por cento, a 76.072 pontos, acumulando ganho de 4,7 por cento em quatro pregões. O giro financeiro desta quarta-feira somou 5,14 bilhões de reais, novamente abaixo da média diária para o mês até a véspera, de 10,12 bilhões de reais.
Investidores seguem atentos à possibilidade de rebaixamento da nota de crédito do Brasil por agências de classificação de risco.
"Essa possibilidade de rebaixamento vai continuar no radar. Se sair (o rebaixamento), o mercado pode reagir mal inicialmente e ter quedas fortes", disse o gerente de renda variável da H.Commcor Ari Santos. Ele acrescentou que o movimento, no entanto, não deve ter força para durar muito tempo, devido a perspectivas positivas para alguns setores e com as quedas pontuais sendo vistas como oportunidade de compra.
Além disso, o noticiário político, embora menos intenso na reta final do ano, ainda permanece no radar dos investidores que monitoram a movimentação do governo para buscar o apoio necessário para aprovar a reforma da Previdência. Nesta quarta-feira, governadores de Estados do Nordeste protestaram contra declarações do ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, que na véspera afirmou que a atuação de governantes pela aprovação da reforma seria levada em conta para a liberação de financiamentos da Caixa Econômica Federal.
Mais cedo, o Ministério do Trabalho divulgou que o Brasil perdeu 12.292 vagas formais de emprego em novembro, período em que os efeitos da reforma trabalhista já estavam em vigor, quebrando uma série de sete resultados positivos, segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).
O dado frustrou expectativa de abertura de 22 mil postos, de acordo com pesquisa Reuters junto a analistas, mas foi melhor em relação ao mesmo período do ano passado, quando foram encerradas 116.747 vagas.
DESTAQUES
- LOJAS AMERICANAS PN (SA:LAME4) subiu 4,08 por cento e liderou os ganhos do índice, após dados da véspera mostrando melhora nas vendas de Natal e também após relatório do BTG Pactual (SA:BPAC11) recomendando compra dos papéis.
- NATURA ON (SA:NATU3) subiu 4 e LOJAS RENNER ON (SA:LREN3) avançou 2,54 por cento, com as empresas ligadas ao consumo seguindo entre os destaques positivos após a melhora nas vendas de Natal. GPA PN (SA:PCAR4) fechou em alta de 1,05 por cento, embora tenha ameaçado anular os ganhos após a informação de um incêndio em um centro de distribuição da rede na região metropolitana de São Paulo nesta tarde. Fora do índice, MAGAZINE LUIZA ON (SA:MGLU3) ganhou 2,4 por cento.
- CSN ON (SA:CSNA3) avançou 3,47 por cento, com o melhor desempenho entre as siderúrgicas, diante da renovação das expectativas em torno da renegociação de dívida da empresa junto a bancos. Na semana passada, analistas disseram que as negociações com os principais bancos estavam quase concluídas e que devem ser divulgadas na primeira metade de janeiro. USIMINAS PNA (SA:USIM5) teve alta de 1,22 por cento, enquanto GERDAU PN (SA:GOAU4) recuou 0,16 por cento.
- PETROBRAS PN (SA:PETR4) teve alta de 0,5 por cento e PETROBRAS ON (SA:PETR3) ganhou 0,36 por cento, na contramão dos preços do petróleo no mercado internacional.
- EMBRAER ON (SA:EMBR3) cedeu 3,61 por cento e liderou a ponta negativa do índice, após avançar 6,2 por cento na véspera, com os papéis ainda reagindo às negociações com a Boeing para uma combinação dos negócios.
- ELETROBRAS ON (SA:ELET3) caiu 0,11 por cento e ELETROBRAS PNB ELET6 (SA:ELET6) perdeu 0,78 por cento, tendo no radar as expectativas em torno da privatização da empresa. Na véspera, a Reuters informou que a Eletrobras tem enfrentado dificuldades para vender suas seis distribuidoras de energia no primeiro semestre de 2018, e a empresa e o governo correm atrás de saídas para viabilizar os negócios, evitando problemas para a privatização da elétrica como um todo, prevista para até o final do ano que vem.