Por Nina Chestney e Matthew Green
LONDRES (Reuters) - O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, pediu nesta quinta-feira que países deixem de financiar o setor de carvão e se comprometam em não construir novas usinas movidas pelo combustível fóssil, para que uma mudança rumo à energia limpa seja possível.
As declarações foram feitas em uma cúpula virtual sobre transição energética, que envolveu 40 países que representam 80% do uso de energia e emissões de gases de efeito estufa. Eles discutiram maneiras de impulsionar a economia, reduzir emissões e tornar os sistemas energéticos mais resilientes às mudanças climáticas.
À medida que países tentam reviver suas economias em meio à desaceleração causada pela pandemia de Covid-19, governos e investidores pedem que os pacotes de recuperação sejam focados, em parte, em estímulos "verdes". A União Europeia e a Coreia do Sul já se comprometeram com programas de recuperação voltados ao meio ambiente.
Guterres afirmou que alguns países usaram pacotes de estímulos para fornecer apoio a empresas de combustíveis fósseis que já passavam por problemas financeiros, e que outros optaram por fortalecer as usinas movidas a carvão.
"O carvão não tem vez nos planos de recuperação da Covid-19", disse Guterres em um discurso virtual perante a cúpula, organizada pela Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês).
Ele afirmou que os argumentos a favor de energias renováveis são melhores do que os pró-carvão em praticamente todos os mercados, e que empregos relacionados à proteção do meio ambiente e ao crescimento sustentável são fatores cruciais.
Os custos de energias renováveis, como eólica e solar, tiveram forte queda ao longo da última década.
A China, segunda maior economia do mundo e maior produtora global de carvão, disse que está comprometida com um desenvolvimento limpo, eficiente e de baixo teor de carbono no setor energético.
Enquanto isso, o secretário de Energia dos Estados Unidos, Dan Brouillette, afirmou que se opõe a qualquer proibição a combustíveis que produzem emissões de gases de efeito estufa.
"As renováveis não conseguem, por si só, garantir um fluxo confiável de energia para qualquer nação", disse. "Resumindo, toda nação pode se beneficiar de um 'mix' mais amplo de combustíveis para manter sua rede funcionando... Se uma fonte não é tão limpa, (a inovação) busca torná-la mais limpa e, por fim, totalmente limpa".
(Reportagem de Nina Chestney e Matthew Green; reportagem adicional de Timothy Gardner, em Washington)
((Tradução Redação São Paulo, 55 11 56447745))
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