Por Jake Spring e Oliver Griffin
SÃO PAULO (Reuters) - A Colômbia quer escrever uma declaração unificada sobre clima e biodiversidade, que combine esforços para proteger a natureza e aqueles para combater as mudanças climáticas em conversas na Organização das Nações Unidas (ONU), afirmou à Reuters nesta sexta-feira a ministra do Meio Ambiente do país, Susana Muhamad.
O país sul-americano vai sediar neste mês a cúpula de biodiversidade da ONU COP16, que terá o objetivo de interromper a destruição da natureza, com Muhamad sendo a presidente do encontro.
A ONU tem atualmente três convenções ambientais: uma sobre mudanças climáticas, outra sobre biodiversidade e uma terceira sobre desertificação. As negociações e declarações são feitas separadamente.
É um processo trabalhoso para países que não possuem muitos recursos, e Muhamad disse que seria mais factível se desenvolver um plano único.
“Se você está repetindo a mesma coisa para três convenções, creio que estamos perdendo tempo e provavelmente perdendo a oportunidade de criar sinergias”, afirmou.
Essas sinergias incluem interromper o desmatamento, que destrói a biodiversidade e é a maior fonte de emissões de gases causadores do efeito estufa para muitos países da América Latina, afirmou.
Ela disse que a Colômbia poderá lançar esse plano unificado antes da COP30, encontro da ONU sobre as mudanças climáticas que ocorrerá no Brasil em 2025.
“Enviaremos para as três convenções uma síntese do plano que cobre integralmente todas as três convenções, porque elas são profundamente correlatas”, afirmou.
O Panamá já tinha levado a ideia de unificação das declarações e dos planos em um encontro de ministros do Meio Ambiente latino-americanos, no Rio de Janeiro, no mês passado. Segundo Muhamad, outras duas nações -- as quais ela não quis identificar — apoiaram a ideia.
Um portfólio de investimentos de 40 bilhões de dólares, que a Colômbia anunciou na semana passada, não apenas ajudará na transição energética, com a diminuição do uso dos combustíveis fósseis, como também preservará a natureza, segundo ela.
A Colômbia também quer que os direitos humanos sejam um ponto central nos planos ambientais, e lançará uma coalizão pela paz com a natureza na COP16.
“Nós acreditamos que cuidar da natureza, reconectar-se com a natureza e conservá-la junto com os diferentes povos é buscar a paz e nos tornará mais resilientes a choques com mudanças climáticas, além de criar um contexto mais amplo para o conflito”, acrescentou.