CURITIBA (Reuters) - O empresário Marcelo Odebrecht, preso desde a última sexta-feira, escreveu um bilhete aos seus advogados falando em "destruir" mensagem de email sobre sondas e citando o nome de André Esteves, controlador e presidente do BTG Pactual (SA:BBTG11).
O texto escrito à mão por Marcelo Odebrecht foi disponibilizado no site da Justiça Federal do Paraná, nesta quarta-feira.
Executivos da Odebrecht, maior empreiteira do Brasil, são acusados de estar entre os protagonistas do escândalo de corrupção envolvendo a Petrobras (SA:PETR4), alvo da operação Lava Jato que investiga corrupção em contratos da estatal envolvendo funcionários da petroleira, executivos de empreiteiras, políticos e partidos.
No bilhete, Marcelo escreveu "destruir email sondas", em referência a documento eletrônico que motivou sua ordem de prisão pelo juiz Sergio Moro.
Para pedir a detenção do presidente da Odebrecht, o magistrado citou mensagem eletrônica enviada ao empresário e a outros executivos da Odebrecht a respeito de sobrepreço de até 25 mil dólares por dia em contrato de operação de sondas.
Segundo a advogada Dora Cavalcanti, que representa a Odebrecht e seus executivos, o bilhete de seu cliente foi mal interpretado. Ela disse que o verbo "destruir" foi usado no sentido de "explicar" ou "rebater" o conteúdo do email sobre sondas.
No manuscrito, o presidente da Odebrecht também sugere aos advogados que recuperem "história de iniciativa André Esteves".
Em seguida, Marcelo Odebrecht cita a "Sete", referindo-se à empresa de sondas Sete Brasil, fornecedora da Petrobras que enfrenta grave crise financeira e que tem a unidade de participações do BTG Pactual e clientes da gestora de recursos do banco como sócias.
A advogada da empreiteira confirmou que Marcelo Odebrecht está falando do presidente do BTG Pactual e da Sete Brasil para que se esclareça o contexto do email sobre sondas.
Procurada, a assessoria do BTG Pactual não comentou o assunto.
As units do BTG Pactual (SA:BBTG11) negociadas na bolsa paulista chegaram a cair mais de 5 por cento nesta quarta-feira, com operadores atrelando o movimento ao fato de o nome André Esteves ter aparecido no bilhete escrito por Marcelo Odebrecht aos advogados. Os papéis do BTG Pactual terminaram o pregão na bolsa paulista em baixa de 3,68 por cento.
(Reportagem de Caroline Stauffer; Reportagem adicional de Paula Arend Laier e Brad Haynes, em São Paulo)