Por Vivian Sequera e Diego Oré
CARACAS (Reuters) - Milhões de venezuelanos continuavam sem energia nesta quarta-feira por causa do segundo grande blecaute deste mês, que forçou os moradores a saírem em busca de alimentos e água.
Negócios e escolas ficaram fechados pelo segundo dia depois que a eletricidade caiu na tarde de segunda-feira na maior parte da Venezuela, menos de duas semanas após o pior blecaute da história do país.
"Acho que este será pior do que o primeiro blecaute", disse Julio Barrios, contador de 60 anos que procurava lojas abertas para comprar comida ou gelo. "Muitas pessoas querem trabalhar, mas não há transporte, e se ninguém estiver trabalhando o país ficará paralisado."
O Partido Socialista governista acusa os Estados Unidos de sabotarem sua rede elétrica, mas Juan Guaidó e outros líderes da oposição classificam o blecaute como resultado de uma década de corrupção e má administração.
Guaidó, que invocou a Constituição para se autoproclamar presidente interino em janeiro depois de considerar o presidente Nicolás Maduro um usurpador, deveria anunciar durante a manhã uma nova leva de planos para acabar com o governo Maduro.
"É hora de encerrar a usurpação", escreveu Guaidó no Twitter na noite de terça-feira.
O governo Maduro é rejeitado pela maioria dos países sul-americanos e vem sofrendo com sanções que visam minar as fontes de renda do Partido Socialista.
Mas Maduro vem se mantendo graças à lealdade contínua dos principais comandantes militares e ao apoio diplomático da Rússia e da China, que acusam os EUA de armarem um golpe contra ele.
A luz voltou a cerca de metade dos 24 Estados do país na noite de terça-feira, mas caiu novamente na madrugada desta quarta-feira.
A eletricidade é intermitente desde segunda-feira. Em algumas partes de Caracas, ela funciona somente em alguns bairros.
O principal terminal de exportação de petróleo do país e quatro refinarias de petróleo cru não conseguiram retomar as operações depois do blecaute de segunda-feira, segundo operários da indústria e um líder sindical.
Julio Castro, da organização sem fins lucrativos Médicos pela Saúde, disse que uma mulher de 81 anos morreu na terça-feira em um hospital do Estado central de Aragua porque os elevadores não estavam funcionando e ela não conseguiu chegar à área onde receberia tratamento.