Por Tatiana Ramil
BELO HORIZONTE (Reuters) - A seleção brasileira terá que aprender em uma semifinal de Copa do Mundo a atuar sem seu principal jogador, Neymar, que esteve em todas as partidas da equipe sob o comando do técnico Luiz Felipe Scolari, impondo ao time um grande desafio.
Neymar era a maior esperança do Brasil para o título mundial em casa, mas uma fratura numa vértebra na partida de quartas de final contra a Colômbia o tirou do torneio, num golpe para a equipe e os torcedores, que tinham se acostumado a ver Neymar em campo com a camisa da seleção.
Desde 2010, quando Neymar foi convocado pela primeira vez, o Brasil fez 60 jogos. Fora apenas seis partidas sem o atacante, com cinco vitórias e uma derrota. Com Felipão, que voltou à seleção em dezembro de 2012, Neymar tinha jogado todas as partidas.
"Vamos sentir muito a competitividade, a forma como o Neymar jogava, a alegria, mas temos um grupo com condições de superar as dificuldades e seguir em frente", disse Felipão em entrevista coletiva no Mineirão na segunda-feira, local da partida desta terça-feira contra a Alemanha.
Para o técnico alemão, Joachim Loew, a ausência de Neymar e também do capitão Thiago Silva, suspenso, pode fortalecer o Brasil. "Ninguém deve pensar que a ausência de Neymar ou a ausência de Thiago Silva é um revés", disse ele.
"Com (o zagueiro) Dante substituindo Thiago Silva, você não pode esperar que ele vá jogar mal, especialmente contra a Alemanha", completou o treinador, sobre o zagueiro do Bayern de Munique.
Mas o desafio do Brasil de jogar sem Neymar é grande. Tanto que Felipão não revelou qual time vai colocar em campo porque não existe um substituto com as mesmas características, então o treinador espera que o trabalho coletivo supra a falta do craque.
A opção mais provável de escalação é a entrada de três volantes --Luiz Gustavo, Fernandinho e Paulinho--, deixando os laterais com mais liberdade para apoiar o setor ofensivo, que terá Oscar, Hulk e Fred.
"Se eu jogar com três volantes, vou dar mais liberdade aos laterais e com dois homens (no meio-campo) vou dar menos liberdade, mas vou acrescentar mais situações para dar trabalho à Alemanha", declarou o técnico, despistando sobre a escalação.
Felipão disse que definiu o time titular de acordo com as características da tradicional Alemanha, que, segundo ele, tem uma equipe "equilibrada".
A seleção alemã chegou à sua quarta semifinal de Copa do Mundo seguida, um recorde, depois de perder a decisão de 2002 para o Brasil e a semifinal de 2006 para a Itália e a de 2010 para a Espanha, que se tornaram campeãs.
Neste Mundial, Brasil e Alemanha têm campanhas semelhantes, com 10 gols marcados em cinco jogos e 70 por cento de chutes no gol. Uma estatística bem diferente é quanto aos passes completados: os brasileiros têm 1.816, enquanto os alemães somam 2.938, evidenciando uma dificuldade do time de Felipão em trocar passes para criar jogadas.
Por isso, Felipão deve optar por congestionar o meio-campo no Mineirão em busca da sonhada final no Maracanã, no domingo.
(Com reportagem adicional de Rodrigo Viga Gaier)