Por Mahmoud Issa
JABALIA, Gaza (Reuters) - No campo de refugiados de Jabalia, moradores de Gaza famintos seguram panelas para receber sopa durante o mês sagrado do Ramadã.
Enquanto outros muçulmanos em todo o mundo consomem refeições e sobremesas tradicionais do Ramadã para quebrar o jejum após o pôr do Sol, os moradores da faixa sitiada têm sorte de encontrar alguns restos de comida ou goles de água, após mais de cinco meses de bombardeio israelense na guerra contra o Hamas.
Na terça-feira, o chefe de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas disse que as restrições de Israel à ajuda humanitária para Gaza podem equivaler a uma tática de fome que poderia ser um crime de guerra, depois que um relatório apoiado pela ONU concluiu que a inanição é provável até maio, sem o fim dos combates.
Israel nega o bloqueio da ajuda a Gaza.
"As crianças da Palestina são inocentes, elas precisam das necessidades básicas da vida, e tudo isso se deve ao cerco e à destruição de casas e tudo mais", disse Bassam al-Hilou, morador do campo de refugiados de Jabalia, no norte de Gaza.
Ele pediu que as organizações de direitos humanos tomem medidas para acabar com o cerco em prol da "dignidade" do povo palestino e do fim da campanha militar israelense, que não mostra sinais de abrandamento, apesar dos esforços de mediação do Catar e do Egito.
A ofensiva de Israel em Gaza já matou mais de 30.000 palestinos, de acordo com as autoridades de saúde de Gaza, e reduziu grande parte do enclave a escombros.
A campanha foi desencadeada pelo ataque do Hamas em 7 de outubro, no qual, segundo Israel, 1.200 pessoas foram mortas e mais de 200 foram feitas reféns.
As crianças saem dos postos de ajuda lotados com comida suficiente em suas panelas para, talvez, algumas horas, até que a fome surja novamente.