KIEV (Reuters) - O Serviço de Segurança Estatal da Ucrânia (SBU) acusou a Rússia nesta quinta-feira de interferir no processo eleitoral ucraniano criando estruturas ilegais para ajudar a garantir a vitória de determinado candidato.
A Ucrânia realiza uma eleição presidencial no final de março. Suas relações com a Rússia estão muito ruins desde que Moscou anexou a península da Crimeia em 2014 e começou a apoiar separatistas armados no leste da Ucrânia.
O vice-diretor do SBU, Viktor Kononenko, disse em um pronunciamento à imprensa que um grupo de cidadãos russos e seus colaboradores ucranianos recorreram a subornos financeiros para criar uma rede de pessoas dispostas a votar em um determinado candidato e influenciar a opinião pública.
"Esta atividade é ilegal e implica um impacto nos resultados eleitorais", disse Kononenko, acrescentando que o complô envolveu "cidadãos da Ucrânia que vêm cooperando com estruturas russas há muito tempo".
Kononenko não quis dizer qual dos 44 candidatos registrados se beneficiaria do esquema.
O presidente pró-ocidental Petro Poroshenko, a líder opositora veterana Yulia Tymoshenko e o comediante Volodymyr Zelenskiy são os favoritos na disputa.
As pesquisas de opinião mais recentes colocam Zelenskiy na liderança, seguido por Poroshenko e Yulia.
Autoridades russas negaram qualquer interferência na campanha eleitoral da Ucrânia.
Kiev já acusou Moscou de orquestrar amplos ataques cibernéticos como parte de uma "guerra híbrida" contra a Ucrânia, o que a Rússia também nega
Kononenko disse que os organizadores do esquema de compra de votos esperavam que 680 mil pessoas votassem em um certo candidato.
"Esta pirâmide envolveu cidadãos da Rússia, cidadãos de outros países e cidadãos da Ucrânia que participaram do trabalho da sede política no território da Rússia. Estamos trabalhando exclusivamente nos rastros russos".
No mês passado o chefe da polícia cibernética ucraniana, Serhiy Demedyuk, disse à Reuters que hackers provavelmente controlados pela Rússia estavam intensificando os esforços para atrapalhar a eleição da Ucrânia com ataques cibernéticos a servidores eleitorais e computadores pessoais de autoridades eleitorais.
(Por Natalia Zinets e Pavel Polityuk)