Por Ingrid Melander
PARIS (Reuters) - Servidores públicos franceses entraram em greve nesta terça-feira em protesto contra os planos do presidente da França, Emmanuel Macron, de reduzir o funcionalismo público e endurecer as condições salariais, obrigando empresas aéreas a cancelar centenas de voos e interrompendo atividades nas escolas.
Funcionários civis, professores e enfermeiras marcharam em várias cidades do país, de Toulouse, no sul, a Estrasburgo, no leste, antes do principal protesto do dia, em Paris.
Foi a primeira vez em uma década que todas as centrais sindicais, que representam mais de 5 milhões de servidores públicos, se uniram a uma mesma convocação de protesto.
Mas a quantidade de manifestantes pareceu pequena à medida que a manifestação de Paris transcorria.
O comparecimento será um indicador importante do apetite público para protestos contra as reformas sociais e econômicas de Macron, que o ex-banqueiro de investimento diz serem necessárias para destravar o crescimento econômico e colocar as finanças públicas em uma situação mais sustentável.
As manifestações do mês passado contra a reforma da lei trabalhista que foram lideradas por sindicatos do setor privado não conseguiram persuadir Macron a mudar o rumo de suas políticas, mas o movimento trabalhista francês tem se mostrado historicamente mais vigoroso no setor público.
"Queremos que nossas vozes sejam ouvidas depois de meses e meses de ataques contra o setor público e seus funcionários", disse Mylene Jacquot, chefe da federação de servidores civis da moderada CFDT, a maior central sindical da França.
"Em particular, queremos forçar o governo a cumprir sua promessa relativa ao nosso poder de compra".
Avisos de greve foram fixados em escolas, hospitais, aeroportos e ministérios do governo em reação aos planos de cortar 120 mil empregos, congelar salários e reduzir a indenização por licença de saúde.
A autoridade da aviação civil disse que 30 por cento dos voos em aeroportos de todo o país foram cancelados, mas não houve interrupções na rede ferroviária. O Ministério da Educação disse que menos de um em cada cinco professores aderiu à greve.