Por Fatos Bytyci e Aleksandar Vasovic
PRISTINA/BELGRADO (Reuters) - O principal partido político que representa os sérvios no norte de Kosovo declarou três dias de luto nesta terça-feira pelas pessoas mortas em um tiroteio com a polícia de Kosovo, após a pior violência dos últimos anos na área contestada.
As autoridades de Kosovo afirmam que cerca de 30 sérvios fortemente armados invadiram o vilarejo de Banjska no domingo, lutando contra a polícia e se protegendo em um mosteiro ortodoxo sérvio. A polícia recapturou o mosteiro no final do domingo, depois que três agressores e um policial foram mortos.
Nenhum grupo se manifestou para reivindicar a responsabilidade pelo ataque ou explicar os motivos dos atiradores. Kosovo acusou a Sérvia de apoiar os militantes armados; a Sérvia diz que Kosovo é culpado por maltratar os moradores da área de maioria sérvia.
"Os dias 26, 27 e 28 de setembro estão sendo proclamados dias de luto devido à morte de nossos cidadãos nos trágicos eventos no vilarejo de Banjska", disse o partido Lista Sérvia, declarando que todas as atividades de entretenimento seriam canceladas e as bandeiras seriam abaixadas a meio mastro.
"Em nome do partido Lista Sérvia e do povo sérvio de Kosovo, expressamos nossas mais profundas condolências às famílias dos mortos e desejamos uma rápida recuperação aos feridos."
Dois sérvios capturados no tiroteio compareceram ao tribunal na terça-feira para uma audiência na capital de Kosovo, Pristina, escoltados com algemas por policiais fortemente armados.
Dejan A. Vasic, um advogado que representa Dusan Maksimovic, suspeito do tiroteio, disse que planejava apelar contra a detenção de 30 dias dada a seu cliente.
"Nós apontamos alguns fatos (...) que mostram que isso é algo que talvez seja mais um mal-entendido do que algo que possa estar relacionado a um crime", afirmou Vasic a repórteres em Pristina.
O tiroteio despertou uma nova preocupação internacional sobre a estabilidade em Kosovo, que tem uma maioria étnica albanesa e declarou independência da Sérvia em 2006 após uma revolta de guerrilheiros e uma intervenção da Otan em 1999.
Belgrado nunca reconheceu a independência de sua antiga província. Cerca de 50.000 sérvios étnicos no norte rejeitam o governo de Pristina.