Por Steve Holland
WASHINGTON (Reuters) - O Departamento de Justiça dos Estados Unidos concordou nesta segunda-feira em expandir sua investigação sobre suposto conluio da Rússia na eleição de 2016 para incluir “quaisquer irregularidades” em táticas do FBI envolvendo a campanha presidencial do presidente Donald Trump, disse uma porta-voz da Casa Branca.
Trump sugeriu na sexta-feira que o FBI pode ter colocado ou recrutado um informante em sua campanha presidencial por razões políticas, citando relatos não identificados de que ao menos um representante do FBI foi “implantado”.
O acordo aconteceu durante um encontro que Trump teve com o vice-secretário de Justiça, Rod Rosenstein, e com o diretor do FBI, Christopher Wray, disse a porta-voz, Sarah Sanders.
O Departamento de Justiça “pediu para o inspetor-geral expandir sua investigação atual para incluir quaisquer irregularidades com a as táticas do FBI ou do Departamento de Justiça no que diz respeito à campanha de Trump”, disse Sanders em comunicado.
Investigadores federais estão investigando se alguém na campanha de Trump trabalhou com a Rússia para inclinar a eleição a favor do candidato republicano. Trump negou qualquer conluio e repetidamente rejeitou a investigação como uma “caça às bruxas”.
Trump disse em publicação no Twitter no domingo que iria exigir que o Departamento de Justiça analisasse se o FBI “infiltrou ou monitorou a campanha Trump por propósitos políticos – e se quaisquer exigências ou pedidos de tal tipo foram feitos por pessoas dentro do governo Obama”.
Horas depois, uma porta-voz disse que o departamento pediu para seu inspetor-geral expandir uma revisão do processo de solicitação de mandados de segurança para determinar se houve impropriedade ou motivação política na maneira como o FBI conduziu sua investigação.
O FBI estava analisando os laços da campanha eleitoral de Trump com Moscou antes do procurador especial Robert Mueller assumir a investigação há um ano.
“Se alguém se infiltrou ou se houve participantes de vigilância em uma campanha presidencial por propósitos impróprios, nós precisamos saber disto e tomar ação apropriada”, disse Rosenstein em comunicado na noite de domingo.
Democratas disseram que Mueller e sua investigação deveriam ser protegidos e que informação, como sobre qualquer informante, não deveria ser compartilhada com o Congresso.
As regulações do Departamento de Justiça “protegem este tipo de informação de revelação ao Congresso por razões legítimas investigativas e de privacidade”, disse a senadora Dianne Feinstein, democrata de mais alto escalão no Comitê Judiciário do Senado, em carta a Rosenstein nesta segunda-feira.
Trump mostrou sinais crescentes de impaciência com a investigação liderada por Mueller, que entra em seu segundo ano, dizendo que a investigação é politicamente motivada e possui raízes no governo do ex-presidente democrata Barack Obama.
Seus aliados republicanos no Congresso, liderados pelo presidente do Comitê de Inteligência da Câmara dos Deputados, Devin Nunes, têm enviado a mesma mensagem.
Em março, o inspetor-geral do Departamento de Justiça realizou uma revisão sobre acusações de parlamentares republicanos de que o FBI cometeu sérios erros quando buscou um mandado para monitorar um ex-assessor da campanha eleitoral de Trump em 2016.
O inspetor-geral do Departamento de Justiça, Michael Horowitz, disse que sua revisão irá examinar se o FBI e o Departamento de Justiça seguiram procedimentos adequados quando solicitaram um mandado na Corte de Vigilância de Inteligência Estrangeira para conduzirem secretamente vigilância do ex-assessor Carter Page e seus laços com a Rússia.
Nem Trump, nem seu advogado, Rudy Giuliani, forneceram quaisquer evidências de infiltração do governo na campanha presidencial de Trump.
(Reportagem de Steve Holland, Doina Chiacu, Roberta Rampton e Patricia Zengerle)