Por Philip Pullella
ROMA (Reuters) - O papa Francisco liderou católicos romanos em missas de Sexta-Feira Santa sob segurança reforçada, pedindo para pessoas, incluindo padres de sua Igreja, redescobrirem a capacidade de sentir vergonha por seus papeis nos problemas do mundo.
Francisco, de 81 anos, conduziu uma tradicional procissão da Via Crúcis (Caminho da Cruz) em torno do Coliseu, em Roma, frequentado por 20 mil pessoas no dia em que cristãos marcam a morte de Cristo crucificado.
A segurança estava mais reforçada do que no ano passado, com mais fiscalizações conforme participantes se aproximavam da área. Nesta semana, a polícia italiana realizou quatro operações contra possíveis apoiadores de terrorismo islâmico, prendendo sete pessoas, incluindo um homem que planejava um ataque usando um caminhão.
O Coliseu, no centro histórico de Roma, é uma das atrações turísticas em que a polícia colocou jipes militares e veículos armados para formar barreiras contra ataques com caminhões. Diversas barreiras também foram feitas em áreas próximas ao Vaticano.
Francisco teceu seus comentários em torno dos temas vergonha e arrependimento, evocando a imagem de um mundo moderno em que orgulho, arrogância e egoísmo frequentemente superam humildade e generosidade.
Falando em tom melancólico, ele falou de “vergonha porque muitas pessoas, até mesmo alguns padres, se deixaram ser enganados pela ambição e vaidade, logo perdendo dignidade”.
Desde sua posse em 2013, Francisco tem frequentemente pedido para padres e prelados católicos viverem com simplicidade, servirem aos outros, e não buscarem carreiras e status na Igreja ou na sociedade.
A Sexta-Feira Santa, o dia mais sombrio do calendário litúrgico cristão, marca o dia que a bíblia diz que Jesus foi crucificado. A Via Crucis marca 14 eventos, chamados de estações, do momento em que o governador romano Pôncio Pilatos condenou Jesus à morte até seu sepultamento em uma tumba.
“SENSO DE VERGONHA”
Francisco disse que muitas pessoas no mundo de hoje deveriam sentir “vergonha por terem perdido um senso de vergonha”, acrescentando que vergonha deveria ser vista como uma “graça” de Deus.
Ele disse que muitos devem sentir “vergonha, porque nossas gerações estão deixando para os jovens um mundo que está fraturado por divisões e guerras, um mundo devorado por egoísmo”.
O líder de 1,2 bilhão de católicos romanos do mundo elogiou aqueles na Igreja que estão tentando despertar a “consciência adormecida da humanidade” através de seus trabalhos ajudando os pobres, imigrantes e presidiários.
As reflexões deste ano, uma para cada uma das estações, foram escritas por alunos de colégios e faculdades em Roma.
Mais cedo nesta sexta-feira na Basílica de São Pedro, Francisco comandou uma missa de “Paixão”, durante a qual se prostrou em oração no chão de mármore.
Na noite de sábado, Francisco lidera uma missa de vigília de Páscoa e no domingo faz sua mensagem semestral “Urbi et Orbi” (à cidade e ao mundo).