Por Hannah Confino e Rami Amichay
Tel Aviv (Reuters) - Esther Paran estava com sua cadeira de rodas em meio à multidão de israelenses durante protesto em Tel Aviv contra os planos do governo de reformar o Judiciário do país.
Ela era empurrada por um cuidador. Ela não gritava junto com a multidão. Mas entende mais do que a maioria sobre a vulnerabilidade da democracia.
Paran, de 79 anos, é uma de cerca de 147.000 sobreviventes do Holocausto ainda vivos em Israel. Ela nasceu na Hungria no final da Segunda Guerra Mundial, quando sua família estava se escondendo dos nazistas. Eles foram para Israel em 1957, após uma revolta mortal na Hungria que não conseguiu acabar com o domínio soviético.
A democracia precisa de muitas salvaguardas, disse ela, e o altamente contestado plano de revisão do Judiciário que tem causado meses de turbulência em Israel é o que a perturba hoje.
Ela nunca fez uma comparação entre os eventos de seu passado e a crise atual em Israel.
"Quando vejo a televisão fico com tanta raiva que não consigo dormir a noite toda", disse ela em um dos protestos que têm atraído dezenas de milhares de manifestantes. "Aqui, pelo menos, sinto que faço alguma coisa. E acredito que vai ajudar."
A tentativa do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu de fazer mudanças radicais no sistema judiciário causou uma fratura sem precedentes na sociedade israelense.
Sua coalizão de direita quer controlar a Suprema Corte que vê interferindo na formulação de políticas. Isso provocou indignação no país e preocupação no exterior com a erosão do equilíbrio e o enfraquecimento da democracia em Israel.