MADRI (Reuters) - Os socialistas consideravam possíveis aliados nesta segunda-feira para um novo governo na Espanha, após vencerem a eleição nacional no país, mas ficarem aquém de conquistar a maioria dos assentos no Parlamento.
A vice-primeira ministra Carmen Calvo, ao desconversar sobre as possíveis opções de coalizão, disse que os socialistas deveriam tentar governar sozinhos, enquanto outros membros do partido disseram que não há pressa para decidir. Diversas fontes no partido descreveram o sentimento geral como sendo de confiança na formação de um governo.
"Os socialistas tentarão governar por conta própria", disse Calvo em uma entrevista à rádio Cadena Ser (SA:SEER3). "Temos votos suficientes para conseguir dirigir esse navio no curso que ele deve seguir."
José Luis Abalos, um importante membro do partido, disse após uma reunião de estratégia que os socialistas irão "conversar com todos os grupos e tentar chegar a acordos", mas que não havia desespero. "Haverá os que querem cooperar", disse.
O Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), do primeiro-ministro Pedro Sánchez, conquistou 123 cadeiras no Parlamento na eleição de domingo, frente às 84 que tinha. O PSOE vem governando em minoria, aprovando projetos com o apoio do Podemos, de esquerda, e pequenos partidos regionais.
Se Sánchez, de 47 anos, buscar um parceiro de coalizão, ele poderá optar por uma complicada aliança com o Podemos, o que provavelmente implicará na necessidade de conseguir o apoio de pelo menos um parlamentar separatista da Catalunha.
Uma alternativa seria uma conjunção de forças com o partido de centro-direita Ciudadanos, o que poderia representar o risco de desagradar a base eleitoral tradicional de seu partido.
Qualquer negociação para a formação de uma coalizão poderá levar semanas ou até meses, especialmente se os partidos tomarem posturas firmes para atenderem suas bases antes das eleições regionais, locais e para o Parlamento Europeu no dia 26 de maio.
Uma das líderes do Ciudadanos, Inés Arrimadas, descartou nesta segunda-feira qualquer negociação ou acordo com os socialistas, dizendo que seu partido está focado nas eleições regionais.
Para muitos observadores, a opção Podemos parece ser o caminho mais provável para Sánchez, embora ainda assim os dois partidos estejam a 11 cadeiras de atingir a maioria.
O líder do Podemos, Pablo Iglesias, disse no domingo que seu partido estaria prontamente disposto a formar uma coalizão de esquerda com os socialistas e as centrais sindicais convocaram os trabalhadores a tomarem as ruas do país no dia 1º de Maio para demandar um governo de esquerda para a Espanha.
"Um governo liderado por socialistas com apoio do Podemos parece o resultado mais provável", informou a agência estatística DBRS em um comunicado. "Essa combinação política precisa do apoio parlamentar de partidos menores."
De acordo com a lei eleitoral espanhola, um novo governo requer uma maioria parlamentar absoluta para tomar posse em um primeiro turno de votação. Mas em um eventual segundo turno uma maioria simples seria suficiente, o que poderia ser atingido pelos socialistas e pelo Podemos com o apoio de todos os partidos regionais com a exceção dos catalães e mais uma abstenção.
Sánchez assumiu o cargo em junho do ano passado quando o então partido do governo, o PP, perdeu um voto de não-confiança. Sánchez convocou a eleição de domingo quando sua proposta de orçamento não foi aprovada depois que os separatistas catalães se recusaram a apoiá-lo.
EXTREMA-DIREITA
O Vox, primeiro partido de extrema-direita a conseguir uma presença significativa no Parlamento desde a morte do ditador Francisco Franco em 1975, dividiu o voto do eleitorado de direita e deixou o principal partido conservador, o Partido Popular (PP), com apenas 66 vagas, pior resultado desde o início dos anos 1980.
O PP e os socialistas dominaram o cenário político do país desde a morte de Franco.
O Vox conquistou 24 cadeiras, menos que o esperado, diminuindo preocupações domésticas e internacionais com a ascensão da extrema-direita. O apoio a partidos e políticos nacionalistas e populistas é uma tendência crescente na Europa nos últimos anos.
((Tradução Redação São Paulo, 5511 56447702)) REUTERS AC