Por Christine Kim
SEUL (Reuters) - Um soldado norte-coreano que sofreu ferimentos graves ao ser baleado por colegas quando desertou para a Coreia do Sul deve sobreviver, disseram o governo e os militares sul-coreanos nesta terça-feira.
O soldado acelerou na segunda-feira em direção à fronteira em um "vilarejo da paz" situado na zona desmilitarizada fortemente protegida em um veículo de quatro rodas.
Quando uma das rodas se soltou, ele continuou a fuga a pé enquanto quatro soldados da Coreia do Norte disparavam contra ele, disse Suh Wook, diretor-chefe de operações do Estado-Maior Conjunto da Coreia do Sul, em informe a parlamentares sul-coreanos.
"Até a manhã de hoje, ouvimos que ele estava inconsciente e incapaz de respirar por conta própria, mas sua vida pode ser salva", disse Suh.
Cirurgiões retiraram cinco balas do corpo do soldado e deixaram duas dentro, acrescentou Suh, provocando murmúrios dos parlamentares, que disseram que a fuga foi "coisa de cinema".
O soldado se abrigou atrás de uma estrutura sul-coreana em uma Área de Segurança Conjunta dentro da zona desmilitarizada entre as duas Coreias.
Temendo mais disparos norte-coreanos, soldados sul-coreanos e norte-americanos rastejaram posteriormente para resgatá-lo, disse o Comando das Nações Unidas em um comunicado separado.
A Coreia do Norte não disse nada sobre o desertor. Seus militares não deram nenhuma indicação de movimentos incomuns nesta terça-feira, disseram os militares sul-coreanos.
Embora uma média de mais de mil norte-coreanos desertem para o vizinho do sul todos os anos, a maioria viaja através da China, e é incomum um norte-coreano cruzar a fronteira terrestre que divide as duas Coreias, que estão tecnicamente em estado de guerra desde o conflito de 1950-53, que terminou em uma trégua, não um tratado de paz.
O Comando da ONU, instalado desde o final da guerra, disse que uma investigação do incidente está sendo realizada.
O ministro da Defesa da Coreia do Sul, Song Young-moo, disse ter sido a primeira vez que soldados norte-coreanos dispararam na direção do lado sul-coreano da Área de Segurança Conjunta, o que provocou queixas de alguns parlamentares segundo os quais os militares sul-coreanos deveriam ter disparado de volta.
(Reportagem adicional de Cynthia Kim, Yuna Park e Heekyong Yang)