Por Thiam Ndiaga e Anne Mimault
UAGADUGU (Reuters) - Tiros foram ouvidos em diversos quartéis militares neste domingo em Burkina Faso, onde soldados em motim exigem mais apoio do governo para lutar contra militantes islâmicos e a renúncia de chefes do Exército e da Inteligência.
O governo pediu calma, negando especulações nas redes sociais de que o Exército havia assumido o poder ou detido o presidente Roch Kabore.
Fortes tiroteios foram ouvidos inicialmente no quartel Sangoule Lamizana da capital Uagadugu, que abriga uma prisão com detentos que incluem soldados envolvidos em uma tentativa fracassada de golpe em 2015, às 5h (horário local), disseram repórteres da Reuters.
Centenas de pessoas foram às ruas para apoiar os amotinados. Fora do quartel de Lamizana, cerca de 100 pessoas cantaram o hino nacional e gritaram “Liberte o país!”.
Os soldados responderam a cada canto atirando no ar. Não ficou claro se isso era para mostrar apoio aos manifestantes ou para dispersá-los.
No centro de Uagadugu, perto da Praça da Nação, a polícia atirou gás lacrimogêneo para dispersar cerca de 300 manifestantes.
Soldados também atiraram no ar em uma base aérea perto do Aeroporto Internacional de Uagadugu, segundo repórteres da Reuters. A embaixada dos EUA também relatou tiros em três outras bases militares de Uagadugu e em bases em Kaya e Ouahigouya, cidades ao norte.
A frustração tem crescido em Burkina Faso por causa da maneira como o governo lida com uma insurgência de militantes ligados a Al Qaeda e ao Estado Islâmico. A morte de 49 policiais militares em um ataque de militantes em novembro gerou violentos protestos nas ruas pedindo que Kabore renunciasse.
Falando a repórteres na frente do quartel de Lamizana, um dos amotinados emitiu uma série de exigências, incluindo as renúncias do chefe de gabinete do Exército e do diretor do serviço de inteligência.
O governo de Burkina Faso confirmou tiros em alguns quartéis militares, mas negou relatos nas redes sociais de que o Exército havia tomado o poder.