Por Nidal al-Mughrabi e Maayan Lubell
FRONTEIRA DE GAZA (Reuters) - Tropas israelenses mataram ao menos 41 palestinos ao longo da fronteira com Gaza nesta segunda-feira, disseram autoridades de saúde, depois que manifestantes se dirigiram à divisa para protestar no dia em que os Estados Unidos se preparam para inaugurar sua embaixada em Jerusalém.
O número representa o maior saldo de mortes de palestinos em um único dia desde o início dos protestos na fronteira com Israel chamados de "Grande Marcha do Retorno", em 30 de março, e desde a guerra de 2014 em Gaza.
As autoridades de saúde disseram que 900 palestinos ficaram feridos, cerca de 450 deles por balas reais.
Os protestos se intensificaram no 70º aniversário da fundação de Israel, com alto-falantes instalados nas mesquitas de Gaza conclamando os palestinos a se unirem ao protesto, enquanto fumaça negra de pneus incendiados pelos manifestantes subia pelos ares na fronteira.
"Hoje é o grande dia em que cruzaremos a cerca e diremos a Israel e ao mundo que não aceitaremos ser ocupados para sempre", disse Ali, professor de ciências em Gaza que não quis informar o sobrenome. "Muitos podem ser martirizados hoje, muitos mesmo, mas o mundo ouvirá nossa mensagem. A ocupação tem que acabar", disse.
As mortes mais recentes elevaram o saldo de vítimas palestinas a 86 desde que os protestos começaram há seis semanas. Não há registro de baixas em Israel.
As mortes atraíram críticas internacionais, mas os EUA, que revoltaram os palestinos e potências árabes transferindo sua embaixada de Tel Aviv para Jerusalém, ecoaram Israel acusando o Hamas, o movimento que controla Gaza, de instigar a violência, uma alegação que o grupo nega.
Mais tarde nesta segunda-feira, líderes israelenses e uma delegação que inclui o secretário do Tesouro norte-americano, Steven Mnuchin, e a filha e o genro do presidente Donald Trump, Ivanka Trump e Jared Kushner, devem comparecer à abertura da embaixada.
"Que dia comovente para o povo de Israel e o Estado de Israel", disse o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu.
O enviado de Trump ao Oriente Médio, Jason Greenblatt, disse no Twitter que "tomar a atitude longamente adiada de transferir nossa embaixada não é uma ruptura com nosso forte comprometimento de facilitar um acordo de paz duradouro. Ao contrário, é uma condição necessária para ele".
Mas o premiê palestino, Rami Hamdallah, disse que o reconhecimento de Trump de Jerusalém como a capital de Israel em dezembro e a transferência da representação são "violações escandalosas da lei internacional".
Os palestinos, que querem seu próprio Estado futuro com uma capital em Jerusalém Oriental, ficaram revoltados com a ruptura de Trump com a preferência de outras gestões norte-americanas de manter a representação dos EUA em Tel Aviv à espera de progressos nos esforços de paz.
Essas conversas foram interrompidas em 2014. Outras grandes potências receiam que a medida dos EUA inflame protestos de palestinos na Cisjordânia ocupada, que Israel capturou, assim como Jerusalém Oriental, na Guerra dos Seis Dias de 1967.