(Reuters) - O diretor de cinema Spike Lee se afastou nesta quarta-feira dos apelos pelo boicote à cerimônia de premiação do Oscar em meio à polêmica sobre a falta de diversidade entre os indicados deste ano, dizendo que era necessário um plano para assegurar a equidade racial em Hollywood.
"Nuca usei a palavra boicote", disse Lee em uma entrevista ao programa "Good Morning America" da ABC. "Tudo o que eu disse foi ... eu e minha linda esposa Tonya, não iremos. Foi isso, e dei o motivo. Nunca usei a palavra boicote."
Os comentários feitos pelo diretor indicado duas vezes ao Oscar foram feitos em meio a preocupações sobre a falta de minorias raciais na indústria cinematográfica e na Academia, cujos membros, pelo segundo ano consecutivo, não indicaram nenhum ator de cor.
Lee disse que Hollywood precisa ampliar sua diversidade com um programa semelhante ao da liga profissional de futebol americano dos Estados Unidos (NFL), que exige a entrevista de candidatos negros para cargos de técnico principal das equipes.
"Isso tem aumentado o número de treinadores e executivos pertencentes a minorias na NFL e deve ser usado", disse Lee.
Lee, que é fã de basquete, disse que pretendia assistir ao jogo do New York Knicks em vez de ir à cerimônia do Oscar, no dia 28 de fevereiro.
A controvérsia pressionou a Academia, cuja presidente disse nesta semana que iria rever o recrutamento dos membros e se comprometeu a realizar "grandes mudanças".
Lee anunciou pela primeira vez na segunda-feira que não iria participar da cerimônia na Califórnia, relacionando sua iniciativa com o feriado em homenagem ao líder norte-americano Martin Luther King Jr, assassinado por defender os direitos civis.
A questão racial colocou sob os holofotes o apresentador do Oscar Chris Rock e se o comediante deveria deixar a cerimônia em solidariedade aos que foram ignorados pela premiação.
"Chris Rock é um homem crescido", disse Lee disse à ABC. "Ele só irá fazer o quiser e irei apoiá-lo de qualquer forma".
(Reportagem de Susan Heavey)