Por Antoni Slodkowski e Elaine Lies
TÓQUIO (Reuters) - Yoshihide Suga, chefe do partido governista do Japão que se encaminha para se tornar o próximo primeiro-ministro do país, pareceu nesta terça-feira estar determinado a manter as políticas de seu antecessor preservando os principais ministros do gabinete e autoridades partidárias em seus postos, como havia prometido.
Suga, há tempos um aliado leal e secretário-chefe de gabinete do premiê demissionário, Shinzo Abe, obteve uma grande vitória na eleição para a liderança do Partido Liberal Democrata (PLD) na segunda-feira. Ele prometeu levar adiante muitos dos programas de Abe, inclusive a "Abenomics", sua estratégia econômica característica.
Ele enfrenta uma gama ampla de desafios, entre eles combater a Covid-19 enquanto reativa uma economia combalida e lida com uma sociedade que envelhece rapidamente --quase um terço da população tem mais de 65 anos.
O ministro das Finanças, Taro Aso, e o ministro das Relações Exteriores, Toshimitsu Motegi, provavelmente continuarão em seus cargos, de acordo com diversas reportagens. Yasutoshi Nishimura deve ser mantido no Ministério da Economia.
Especula-se que o ministro da Defesa, Taro Kono, assumirá o ministério da Reforma Administrativa, e Nobuo Kishi, que é parlamentar do PLD e irmão caçula de Abe, passará a comandar a Defesa, disse a agência de notícias Kyodo.
Toshihiro Nikai, que foi fundamental ao ajudar Suga a conquistar o apoio de membros do PLD e foi mantido como secretário-geral do partido, disse em uma coletiva de imprensa que a maior prioridade é lidar com o coronavírus, uma visão ecoada pelo principal formulador de políticas do partido, Hakubun Shimomura.
"Faremos tudo que pudermos para conseguir as vacinas e os remédios para proteger as vidas e a saúde do povo, além de apoiar instituições médicas", disse Shimomura, um ex-ministro da Educação, acrescentando que reativar a economia terá um peso quase igual.
Suga pode indicar o ministro da Saúde, Katsunobu Kato, que se tornou bem conhecido do público ao capitanear os esforços do país para enfrentar o coronavírus, como secretário-chefe de gabinete, disse a Nippon TV. Kato é próximo de Suga, ao qual serviu como vice-secretário-chefe de gabinete.
"Muitos elementos diferentes são necessários", disse Suga na segunda-feira ao ser indagado sobre quem deveria substituí-lo. "Um é seu entrosamento com o primeiro-ministro, mas pensando no todo, eles também precisam ter qualidades abrangentes, isso será o mais tranquilizador."
É virtualmente certo que Suga será eleito premiê em uma votação parlamentar na quarta-feira por causa da maioria do PLD na câmara baixa. Ele concluirá o mandato de Abe como líder partidário até setembro de 2021.
Mais conhecido por seu trabalho nos bastidores, Suga emergiu como franco favorito para tomar o lugar de Abe, o primeiro-ministro japonês há mais tempo no cargo, depois de este anunciar no mês passado que renunciaria por causa de problemas de saúde.
(Por Elaine Lies, Antoni Slodkowski, Chang-ran Kim e Chris Gallagher)