LONDRES (Reuters) - Um cidadão chinês com laços estreitos com o príncipe Andrew disse que não fez nada de errado e que não é um espião, após ser apontado no tribunal pelas autoridades britânicas como suspeito de ser um agente chinês.
Yang Tengbo, descrito pela Comissão Especial de Recursos de Imigração (SIAC) em uma decisão na semana passada como um "confidente próximo" de Andrew, renunciou ao seu direito ao anonimato nesta segunda-feira para poder responder à acusação.
"Não fiz nada de errado ou ilegal, e as preocupações levantadas pelo Home Office contra mim são infundadas", disse, em uma declaração divulgada por seu advogado, referindo-se ao Ministério do Interior do Reino Unido. "A descrição difundida de mim como um 'espião' é totalmente falsa."
O homem de 50 anos, que já havia recebido anonimato nos procedimentos da SIAC, foi retirado de um voo de Pequim para Londres em fevereiro de 2023 e informado que o Reino Unido pretendia bani-lo do país. Isso aconteceu no mês seguinte por motivos de segurança nacional.
Yang recorreu contra a proibição na Comissão Especial de Recursos de Imigração, que rejeitou seu caso em uma decisão por escrito na última quinta-feira -- a primeira vez que o suposto relacionamento veio à tona.
Na última sexta-feira, Andrew, irmão mais novo do Rei Charles, emitiu uma declaração à BBC e a outros veículos de imprensa, na qual disse que havia "cessado todo e qualquer contato" com o indivíduo depois que as preocupações foram levantadas.
A decisão afirmou que provas obtidas do telefone de Yang mostraram que Andrew o autorizou a criar uma iniciativa financeira internacional para se envolver com possíveis parceiros e investidores na China. A decisão não disse qual era o objetivo do fundo.
A Reuters entrou em contato com o gabinete de Andrew para obter mais comentários, mas não recebeu resposta em um primeiro momento.
Um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China disse nesta segunda-feira que a China sempre foi aberta e transparente e nunca se envolveu em enganações ou interferências. O porta-voz acrescentou que a especulação infundada "não vale a pena ser refutada".
(Reportagem de Sam Tobin, reportagem adicional de Eduardo Baptista, em Pequim)