BERLIM (Reuters) - Uma idosa alemã de 96 anos foi detida horas depois de não comparecer a seu julgamento nesta quinta-feira sob a acusação de ajudar e encorajar o assassinato em massa em um campo de concentração nazista durante a Segunda Guerra Mundial, disse uma porta-voz do tribunal.
Irmgard Furchner é acusada de ter contribuído aos 18 anos para o assassinato de 11.412 pessoas quando era digitadora no campo de concentração de Stutthof entre os anos de 1943 e 1945.
Mas seu julgamento na cidade de Itzehoe, no extremo norte do país, não pôde começar em sua ausência.
"A ré deixou sua casa nas primeiras horas desta manhã e pegou um táxi para um local desconhecido", disse a porta-voz do tribunal Frederike Milhoffer.
A porta-voz informou que foi emitido um mandado de prisão. Itzehoe fica a cerca de 100 km da fronteira com a Dinamarca.
Mais tarde, Milhoffer confirmou que Furchner havia sido detida e que um médico estava avaliando se sua saúde permitiria a ela ser presa.
A próxima audiência foi marcada para 19 de outubro, disse ela.
Furchner é a mais recente de uma série de nonagenários a ser acusada de crimes do Holocausto, no que é visto como uma corrida dos promotores para aproveitar a oportunidade final de decretar justiça para as vítimas de alguns dos piores assassinatos em massa da história.
Embora os promotores tenham condenado os principais perpetradores --aqueles que emitiram ordens ou puxaram os gatilhos-- nos Julgamentos de Auschwitz Frankfurt dos anos 1960, a prática até os anos 2000 era deixar os suspeitos de baixo escalão em paz.
De acordo com a revista alemã Der Spiegel, Furchner transcreveu ordens de execução ditadas a ela pelo comandante do campo de Stutthof, Paul-Werner Hoppe, que foi condenado como cúmplice de assassinatos em 1955. A revista noticiou que Furchner havia escrito ao juiz pedindo para ser julgada à revelia -- uma impossibilidade legal na Alemanha.
Cerca de 65 mil pessoas morreram no campo de concentração de Stutthof, perto de Gdansk, na atual Polônia, entre 1939 e 1945, de fome e doenças ou nas câmaras de gás, incluindo prisioneiros de guerra e judeus apanhados na guerra de extermínio nazista.
(Por Thomas Escritt)