BELGRADO (Reuters) - A Sérvia inaugurou neste domingo uma estátua do homem que assassinou o arquiduque Franz Ferdinand há 101 anos, ato que foi o estopim da Primeira Guerra Mundial, homenageando um personagem cuja personalidade ainda divide as opiniões de seus compatriotas.
Muitos sérvios consideram Gavrilo Princip, um sérvio-bósnio, como um herói pan-eslavo, com o tiro dado por ele em 28 de junho de 1914, em Sarajevo, tido como o símbolo do fim de séculos de ocupação estrangeira.
Para outros, ele é um terrorista, um nacionalista fanático cujo ato precipitou uma guerra na qual 10 milhões de soldados morreram e num conflito que reescreveu a ordem mundial.
Esta era a versão oficial que vigorava na Iugoslávia socialista, mas com o esfacelamento da federação durante as guerras dos anos 1990 também se modificaram as percepções sobre Princip.
"Gavrilo Princip foi um herói, ele foi o símbolo de uma ideia de libertação", disse o presidente sérvio, Tomislav Nikolic, em uma cerimônia na qual compareceram centenas de cidadãos.
"Outros podem pensar o que quiserem", afirmou ele.
A estátua de bronze com dois metros de altura foi um presente da República Sérvia, uma das duas regiões autônomas em que está dividida a Bósnia desde a guerra de 1992-1995, na qual 100 mil pessoas morreram.
O monumento vai ficar em uma praça próxima à sede do governo sérvio, não muito distante do restaurante frequentado por Princip quando ele e seus cúmplices planejavam o assassinato.
Os bosníacos, muçulmanos bósnios, e os croatas católicos não compartilham a reverência a Princip dos sérvios ortodoxos. Os sérvios-bósnios ergueram sua própria estátua de Princip há um ano para comemorar o centenário do assassinato do herdeiro do trono austro-húngaro durante sua visita a Sarajevo.
Poupado da sentença de morte por ter menos que 20 anos, Princip morreu de tuberculose em sua cela na prisão, em 1918.
(Por Matt Robinson)