Por Humeyra Pamuk e Daren Butler
ISTAMBUL (Reuters) - Um grupo de 292 sírios saiu da Turquia rumo à cidade síria de Jarablus nesta quarta-feira, marcando o primeiro retorno formal de civis desde que Ancara iniciou uma incursão militar duas semanas atrás para tentar ocupar a região de fronteira, disse uma autoridade turca.
Jarablus, que esteve nas mãos do Estado Islâmico, foi a primeira cidade da Síria a ser capturada pelo Exército turco e seus aliados rebeldes sírios, em uma ofensiva iniciada em 24 de agosto, com a meta de expulsar jihadistas e milícias curdas sírias da divisa.
A Turquia disse ter afastado militantes de um trecho de território sírio de 90 quilômetros e seguido para o sul, e também afirmou que irá apoiar qualquer iniciativa dos Estados Unidos para atacar o bastião do Estado Islâmico em Raqqa, mais ao sudeste.
Mas as táticas turcas atraíram críticas dos EUA, seu aliado na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), e também da Rússia, com quem Ancara aparou as arestas recentemente.
Washington diz que os ataques turcos a milícias alinhadas aos curdos prejudicam a coalizão apoiada pelos EUA que está combatendo o Estado Islâmico. A Rússia, que apóia o governo de Damasco, disse nesta quarta-feira que o avanço turco rumo ao sul ameaça a soberania síria.
"Pedimos que Ancara evite quaisquer medidas que possam desestabilizar ainda mais a situação na Síria", disse o Ministério das Relações Exteriores russo em um comunicado.
A Turquia, que abriga três milhões de refugiados sírios, vem exortando as potências mundiais a endossarem planos de uma "zona livre" no norte sírio para refrear o fluxo de imigrantes e permitir que os sírios voltem para casa.
Embora não tenha angariado apoio para a ideia, Ancara foi adiante com sua ofensiva para colocar uma faixa de território sob controle do Exército turco e seus aliados, o Exército Livre da Síria, permitindo que alguns civis regressassem a seus lares.
"O retorno formal começou hoje", disse o porta-voz da sede do governo de Gaziantep, província do sul Turquia localizada do outro lado da fronteira com Jarablus.
Ele disse que 292 pessoas estavam registradas no primeiro grupo que está retornando, incluindo mulheres, crianças e idosos, e que mais terão permissão de voltar, mas só gradualmente.
A Organização das Nações Unidas (ONU) disse que uma área só pode ser considerada uma "zona livre" se a proteção de civis puder ser garantida, e já havia feito um alerta para que as pessoas não fossem incentivadas a voltar cedo demais.
(Reportagem adicional de Tom Miles em Genebra, Lidia Kelly em Moscou)
(Raquel Stenzel)