Por Nidal al-Mughrabi
CAIRO (Reuters) - Tanques israelenses voltaram a invadir nesta terça-feira partes do norte da Faixa de Gaza que haviam deixado semanas atrás, enquanto aviões de guerra conduziram ataques aéreos contra Rafah, matando e ferindo várias pessoas no último refúgio de palestinos no sul do território, segundo moradores e médicos.
Moradores relataram que a internet caiu em áreas de Beit Hanoun e Jabalia, no norte de Gaza. Tanques avançaram em Beit Hanoun e cercaram algumas escolas, onde famílias deslocadas se refugiaram, segundo moradores e veículos de imprensa do grupo militante palestino Hamas.
“Soldados da ocupação ordenaram que todas as famílias dentro das escolas e nas casas das redondezas onde os tanques haviam avançado se retirassem. Os soldados detiveram muitos homens”, afirmou um morador da região norte de Gaza à Reuters por um aplicativo de conversa.
Beit Hanoun, onde moram 60.000 pessoas, foi uma das primeiras áreas atingidas pela ofensiva terrestre de Israel contra Gaza em outubro. O pesado bombardeio transformou a maior parte de Beit Hanoun, antes conhecida como “cesta de fruta” por causa dos seus pomares, em uma cidade fantasma com pilhas de entulho.
Muitas famílias que haviam retornado para Beit Hanoun e Jabalia nas últimas semanas, após a retirada das forças israelenses, começaram a se mudar novamente por causa da nova invasão, segundo alguns moradores.
Autoridades de saúde palestinas afirmaram que um ataque israelense matou quatro pessoas e feriou várias outras em Rafah, onde mais de metade da população de 2,3 milhões de Gaza está se abrigando e se preparando para uma planejada ofensiva por terra de Israel contra a cidade, que faz fronteira com o Egito.
Autoridades de saúde palestinas e a imprensa do Hamas disseram mais tarde que um ataque aéreo matou 11 palestinos, incluindo crianças, no campo de refugiados Al-Maghazi, na região central da Faixa de Gaza. O Exército israelense não respondeu a pedido da Reuters por comentários em um primeiro momento.
“Meus irmãos estavam sentados na porta, meu irmão foi ferido e seu primo também, e eu perdi meu filho, eu não tenho casa, nem marido, nem mais nada”, disse Wafaa Issa al-Nouri, cujo filho Mohammad e o marido foram mortos no ataque.
“Ele estava brincando na porta, não fizemos nada, eu juro que não fizemos nada”, afirmou.
O Ministério do Interior de Gaza, administrado pelo Hamas, também disse que um ataque aéreo israelense atingiu um carro de polícia no distrito de Tuffah, na Cidade de Gaza, matando quatro policiais e três transeuntes civis.
Após seis meses de conflitos, ainda não há sinais de avanços em negociações apoiadas pelos EUA e lideradas por Catar e Egito por um cessar-fogo em Gaza, com Israel e Hamas mantendo condições mutuamente irreconciliáveis.
Enquanto isso, Israel está impondo restrições “ilegais” a alívio humanitário para Gaza, disse o gabinete de direitos humanos da ONU nesta terça-feira, apesar de afirmações de Israel e outros de que as barreiras foram afrouxadas.
A quantidade de auxílio entrando em Gaza nesta momento está sob disputa, com Israel e Washington dizendo que os fluxos cresceram nos últimos dias, mas agências da ONU afirmando que ainda está muito abaixo do mínimo necessário.
(Reportagem de Nidal al-Mughrabi; reportagem adicional de Ari Rabinovitch)