RIO DE JANEIRO (Reuters) - Temas geopolíticos globais considerados mais sensíveis, como a guerra entre Rússia e Ucrânia que já dura dois anos, devem ficar fora das reuniões ministeriais e declarações conjuntas do G20, segundo o embaixador Maurício Lyrio, sherpa brasileiro no grupo das principais economias do mundo.
A decisão foi tomada após muitas rodadas de negociação e tratativas, para se tentar buscar acordos e consensos em outros assuntos e temas que já estão mais avançados nas mais diversas trilhas.
“O que nós conseguimos nessa reunião foi um acordo sobre como proceder daqui em diante para que os ministros possam se concentrar nos seus temas. E aquele negócio: busquem os entendimentos nas suas áreas, não precisam mais tocar no tema geopolítico", disse a jornalistas Lyrio, que é secretário de Assuntos Econômicos e Financeiros do Ministério das Relações Exteriores.
Um encontro de sherpas (principais negociadores) do G20 foi encerrado nessa sexta-feira no Rio de Janeiro, após três dias de debates. A reunião de cúpula do G20 vai acontecer na cidade em novembro.
"Foi uma negociação duríssima, não é um tema fácil, mas se chegou a um acordo", acrescentou Lyrio.
Outro objetivo dos países do G20 é evitar a repetição do que ocorreu este ano no encontro dos ministros de Economia e presidentes dos bancos centrais, em São Paulo. Na ocasião, não houve uma declaração formal após a reunião em razão de divergências políticas entre os países do grupo em torno de pontos mais delicados.
"Durante as últimas presidências, alguns países exigiam um parágrafo mencionando a questão da Ucrânia, e portanto, os ministros não emitiam a declaração conjunta. Cabia à presidência do momento emitir uma declaração, mas não ministerial”, explicou o sherpa brasileiro.
O Brasil, que está na presidência do G20, trabalha para fazer uma declaração após o encontro de finanças.
"A presidência brasileira tem objetivo de fazer uma declaração ministerial na reunião de ministros de Finanças. Mas a possibilidade de chegar a isso já não tem mais o obstáculo da questão geopolítica", afirmou ele.
A reunião de finanças do G20 está programada para acontecer este mês na cidade do Rio de Janeiro.
(Reportagem de Rodrigo Viga Gaier)