Por Arshad Mohammed e John Walcott
WASHINGTON (Reuters) - O secretário de Estado dos Estados Unidos, Rex Tillerson, planeja faltar a uma reunião de ministros das Relações Exteriores da Otan em abril e ficar em casa para uma visita do presidente da China, e no final do mês irá à Rússia, disseram fontes dos EUA, revelando um itinerário que aliados podem ver como uma priorização de Moscou à sua custa.
Tillerson pretende não comparecer ao que seria sua primeira cúpula com os 28 aliados da Organização do Tratado do Atlântico Norte, entre os dias 5 e 8 de abril, em Bruxelas, para estar presente às aguardadas conversas do presidente norte-americano, Donald Trump, com seu colega chinês, Xi Jinping, em seu resort Mar-a-Lago, na Flórida, disseram quatro autoridades e ex-autoridades do governo.
Ausentar-se do encontro da Otan e visitar Moscou cria o risco de atiçar a percepção de que Trump pode estar colocando as negociações de seu país com grandes potências em primeiro lugar e deixando à espera as nações menores que dependem de Washington para sua segurança, afirmaram dois ex-autoridades.
Trump elogiou várias vezes seu colega russo, Vladimir Putin, e Tillerson trabalhou com o governo da Rússia durante anos na condição importante executivo da petroleira Exxon Mobil (NYSE:XOM) Corp , tendo questionado a sensatez de sanções contra os russos que, segundo ele, poderiam prejudicar negócios dos EUA.
Uma porta-voz do Departamento de Estado disse que Tillerson irá se encontrar na quarta-feira com chanceleres de 26 dos demais 27 países da Otan --todos menos a Croácia--, em um reunião da coalizão que luta para derrotar o grupo militante Estado Islâmico.
O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, deveria chegar a Washington na segunda-feira para uma visita de três dias que deve incluir conversas com o secretário de Defesa dos EUA, James Mattis, e sua participação em reuniões sobre as ações contra o Estado Islâmico.
Segundo a porta-voz, Tillerson não terá uma reunião separada sobre a Otan com os 26 chanceleres na capital, mas irá encontrá-los durante as conversas sobre o grupo jihadista.
"Após estas consultas e reuniões, em abril ele irá viajar para uma reunião do G7 na Itália e de lá para reuniões na Rússia", acrescentou ela, dizendo que o subsecretário de Estado para Assuntos Políticos, Tom Shannon, irá representar os EUA na reunião de chanceleres da Otan.
Trump já preocupou parceiros da aliança de segurança ocidental referindo-se a ela como "obsoleta" e pressionando outros membros a cumprirem o compromisso de gastar ao menos 2 por cento de seu Produto Interno Bruto (PIB) com a defesa.
Uma ex-autoridade dos EUA e um ex-diplomata da Otan, ambos falando sob condição de anonimato, disseram que a entidade se ofereceu para mudar a data da cúpula para que Tillerson pudesse estar presente nela e na visita de Xi Jinping, mas que o Departamento de Estado rejeitou a ideia.
(Reportagem adicional de Jonathan Landay)