Por Aislinn Laing
(Reuters) - Três homens, que acusam o padre chileno Fernando Karadima de abuso sexual, pediram a uma corte em Santiago nesta quinta-feira que a Igreja Católica do Chile seja culpabilizada por "danos morais", alegando que a Igreja encobriu os casos de abuso, e pedindo a reparação em 450 milhões de pesos chilenos (650 mil dólares).
James Hamilton, José Andrés Murillo e Juan Carlos Cruz disseram a um painel de juízes na Corte Chilena de Apelações que o arcebispado de Santiago havia encoberto casos de abusos sexuais e psicológicos contra eles e contra outras pessoas.
Este é o primeiro processo civil movido contra a Igreja no Chile relacionado a acusações de abuso sexual. O especialista em lei canônica Marcial Sánchez disse na semana passada que se os autores da ação recebessem pelos danos, o caso poderia levar a processos similares por supostas vítimas de abuso.
Karadima, de 88 anos, foi acusado de abusar sexualmente de meninos em Santiago nos anos 1970 e 1980, mas nunca foi formalmente processado por autoridades civis por que o estatuto de limitações de tais crimes havia expirado.
Karadima, que nega envolvimento, foi considerado culpado de abuso sexual em uma investigação do Vaticano em 2011, e no mês passado foi expulso da igreja pelo papa Francisco.
No início de outubro, o papa expulsou o ex-arcebispo emérito de La Serena Francisco José Cox Huneeus, de 84 anos, e Marco Antonio Órdenes Fernández, de 53 anos, que era arcebispo emérito de Iquique, após investigações locais e do Vaticano.
A expulsão, que é oficialmente chamada de "redução ao Estado laico", é a punição mais dura que a Igreja Católica pode inflingir em um membro de seu clericato e tal ação quase nunca foi aplicada a bispos na história.
Um processo civil promovido por Hamilton, Murillo e Cruz foi rejeitado por um juiz em uma corte chilena em março de 2017, que disse que não havia provas de cumplicidade no acobertamento dos casos de abuso pelo arcebispado.
Nesta quinta-feira, os advogados de Hamilton, Murillo e Cruz argumentam que o papa, por meio da investigação do Vaticano, havia reconhecido que o abuso for a acobertado e apontaram que havia uma série de acusações de abuso e de acobertamento desde a investigação do Vaticano.