Por Tom Balmforth
MOSCOU (Reuters) - Um tribunal da Rússia condenou um norueguês a 14 anos de prisão, nesta terça-feira, por coletar informações sobre submarinos nucleares, em um veredicto que pode estremecer as relações entre Moscou e o vizinho que é membro da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).
Frode Berg, ex-guarda na fronteira entre Noruega e Rússia hoje com 63 anos, foi detido em Moscou em dezembro de 2017 e julgado a portas fechadas neste mês. Ele se declarou inocente das acusações de espionagem em nome da Noruega.
Berg não irá recorrer do veredicto, mas planeja pedir um indulto presidencial a Vladimir Putin para ser libertado, segundo seu advogado, Ilya Novikov.
O Ministério das Relações Exteriores norueguês disse ter "tomado nota" do veredicto, mas não comentou seu conteúdo, dizendo que está trabalhando de diversas maneiras para levar Berg de volta para casa.
"As autoridades norueguesas... desejam que Frode Berg volte em segurança à Noruega", disse uma porta-voz da chancelaria.
Berg, que acompanhou os procedimentos algemado dentro de uma cela de vidro, admitiu ter sido flagrado entregando material sigiloso a autoridades norueguesas, mas negou ter qualquer ideia de que estava envolvido em espionagem. Os detalhes do caso não foram revelados por serem confidenciais.
Indagado pelo juiz, em russo, se entendia o veredicto da corte, Berg assentiu ligeiramente com a cabeça e disse "sim", em inglês.
"Ele não tinha ilusões. Ele espera que seu governo dê todos os passos necessários para garantir sua libertação através de medidas diplomáticas", disse Novikov.
Na semana passada, Putin pareceu estar cogitando a possibilidade de perdoar Berg ou possivelmente trocá-lo por outro prisioneiro.
Questionado durante conversas com a primeira-ministra norueguesa, Erna Solberg, sobre a possibilidade de um perdão, Putin respondeu: "Precisamos esperar o processo... veremos o que podemos fazer com isso, dependendo da decisão do tribunal".
Novikov disse não estar a par de qualquer conversa em curso entre Oslo e Moscou para obter a soltura de Berg, e que seria necessária uma ofensiva diplomática "significativa" para que isso acontecesse.
"Um indulto presidencial não é algo que é concedido no curso natural dos acontecimentos, mas com medidas diplomáticas é perfeitamente possível", afirmou o advogado de defesa.
(Reportagem adicional de Victoria Klesty, em Oslo)