BOGOTÁ (Reuters) - O tribunal colombiano encarregado de investigar e punir os responsáveis por crimes no conflito armado interno do país pediu nesta quinta-feira que 31 ex-chefes da guerrilha desmobilizada das Farc prestem contas sobre processos de reintegração na sociedade e ratifiquem o compromisso com o processo de paz.
A intimação dos ex-comandantes das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) ocorre no momento em que se desconhece o paradeiro de vários dirigentes do grupo em meio a rumores de que estes romperam com o acordo de paz.
Os citados, entre os quais estão Iván Márquez e Hernán Darío Velásquez, que abandonaram as zonas de reintegração e cujo paradeiro se desconhece, e ex-comandantes conhecidos como Rodrigo Londoño, deverão entregar um informe individual à Justiça Especial para a Paz (JEP) em um prazo de 10 dias, pessoalmente ou através de seus advogados.
"Neste informe, os depoentes devem reiterar seu compromisso com o processo de paz, descrever detalhadamente as atividades que desenvolveram no marco de sua reintegração à vida civil e relatar se realizaram trabalhos humanitários relativos à localização de restos", disse a JEP em um comunicado.
O governo do ex-presidente Juan Manuel Santos firmou um acordo de paz com as Farc em 2016 para encerrar um conflito armado de mais de meio século que deixou cerca de 260 mil mortos.
Pelos termos do pacto, cerca de 12 mil integrantes do grupo rebelde, incluindo mais de 6 mil ex-combatentes, abandonaram as armas e formaram o partido político Força Alternativa Revolucionária do Comum como parte de sua reintegração na sociedade.
Os ex-combatentes receberam anistia e ajuda financeira em respeito ao acordo, mas se espera que os ex-comandantes sejam julgados na JEP por supostos crimes de guerra e violações dos direitos humanos, pelos quais deveriam cumprir penas alternativas se forem considerados culpados.
(Por Luis Jaime Acosta)