MOSCOU (Reuters) - Um tribunal de Moscou se recusou nesta terça-feira a considerar o último recurso do repórter norte-americano Evan Gershkovich contra sua prisão preventiva, quase seis meses após ser detido por acusações de espionagem que ele nega.
O serviço de imprensa do tribunal disse que o caso estava sendo enviado de volta a um tribunal de primeira instância, o que significa que o repórter do Wall Street Journal, de 32 anos, permanece na prisão de Lefortovo, em Moscou, aguardando seu julgamento, para o qual ainda não foi marcada uma data.
Gershkovich foi preso em 29 de março na cidade de Ecaterimburgo, sob o indiciamento de espionagem que pode levar a até 20 anos de prisão.
Ele não havia conseguido prosseguir dois recursos anteriores, em abril e junho, contra sua prisão preventiva.
"É inaceitável que Evan Gershkovich e Paul Whelan ainda definhem nas prisões russas sob acusações que não têm fundamento", disse a embaixadora dos Estados Unidos Lynne Tracy a repórteres após a audiência desta terça-feira.
Whelan é um norte-americano que está cumprindo 16 anos em uma colônia penal russa por acusações de espionagem que ele também nega. Tracy visitou os dois homens na prisão na semana passada.
Um porta-voz disse que o tribunal havia considerado a mais recente reclamação dos advogados de Gershkovich na audiência fechada de terça-feira e decidiu enviá-la de volta a um tribunal distrital "para eliminar as circunstâncias que impedem a consideração do caso criminal no tribunal de apelação".
Perguntado sobre quais eram essas "circunstâncias", o porta-voz disse: "Não sabemos - provavelmente algum tipo de documento não foi apresentado para as partes analisarem."
Os advogados de Gershkovich saíram sem falar com os repórteres.
Antes da audiência, os repórteres foram autorizados a entrar no tribunal, onde Gershkovich estava em uma caixa de vidro, vestindo uma camiseta amarelo claro e calça jeans azul.
A Rússia disse que o repórter foi pego "em flagrante" em uma viagem à cidade de Ecaterimburgo onde o serviço de segurança FSB disse que ele estava tentando obter segredos militares. A Rússia não forneceu nenhum detalhe para apoiar essa afirmação.
Os Estados Unidos acusaram a Rússia de usar Gershkovich para conduzir uma "diplomacia de reféns", em um momento em que as relações entre os dois países estão em seu ponto mais baixo em mais de 60 anos por causa do conflito na Ucrânia.