SEUL (Reuters) - O capitão de um barco sul-coreano que afundou no ano passado, matando 304 pessoas, foi considerado culpado por homicídio em um tribunal de apelação, nesta terça-feira, e condenado à prisão perpétua, em um julgamento que derrubou uma condenação anterior por negligência.
Os promotores, que tinham originalmente pedido a condenação do capitão da balsa, Lee Joon-seok, por homicídio, apelaram contra uma decisão de um tribunal de primeira instância em novembro, que o considerou culpado por negligência e o condenou a 36 anos de prisão.
Os advogados de defesa de Lee também haviam apresentado um recurso contra a severidade da sentença anterior, mas sua demanda foi rejeitada pelo Tribunal Superior Gwangju, que acatou o pedido dos promotores e impôs o veredicto e a sentença mais dura.
O Tribunal Superior de Gwangju também anulou uma condenação por homicídio contra o engenheiro-chefe da balsa Sewol, considerando-o culpado por negligência. Sua sentença de 30 anos de prisão foi reduzida para 10 anos.
Um vídeo da tripulação abandonando o Sewol após instruir os passageiros a permanecerem em suas cabines causou indignação e pedidos de punição severa. Na maioria, os passageiros eram adolescentes em uma viagem da escola.
Apenas 172 dos 476 passageiros e tripulantes da balsa foram resgatados. Dos 304 mortos confirmados ou ainda dados como desaparecidos, 250 eram crianças em idade escolar.
Lee pediu desculpas aos familiares das vítimas durante o julgamento de primeira instância e disse que não tinha a intenção de matar ninguém. Os promotores argumentaram que não exercer o seu dever de retirar os passageiros equivalia a homicídio.
Os membros da tripulação, que receberam penas que vão de 5 a 36 anos, tinham pedido clemência e afirmado que nunca haviam recebido formação adequada sobre a evacuação de passageiros.
O tribunal de apelação reduziu as penas de prisão de 14 outros membros da tripulação para períodos entre 18 meses e 12 anos, informou a corte.
Sobrecarregado, a Sewol virou ao fazer uma curva em uma viagem de rotina em 16 de abril do ano passado. Mais tarde se descobriu que a embarcação tinha uma estrutura defeituosa.
Antes de lançar os apelos um promotor envolvido no caso disse que em novembro as decisões contra os 15 membros da tripulação, incluindo o engenheiro-chefe, foram "decepcionantes", especialmente o veredicto de que o capitão não era culpado de homicídio.
(Reportagem de Sohee Kim; Reportagem adicional de Jack Kim)