Por Clare Baldwin e Donny Kwok
HONG KONG (Reuters) - O batalhão de choque de Hong Kong disparou tiros de alerta durante confrontos nesta terça-feira, ocorridos quando as autoridades da cidade sob controle da China tentaram retirar as barracas de vendedores ambulantes ilegais montadas para as comemorações do Ano Novo Lunar. Foi o pior episódio de violência desde os protestos pró-democracia de 2014.
Manifestantes arrancaram tijolos das calçadas para alvejar os policiais, e alguns derrubaram placas de trânsito e atearam fogo em latas de lixo em Mong Kok, vizinhança barra-pesada da classe trabalhadora localizada diante do porto, no coração do centro financeiro asiático.
"Notamos uma mudança em alguns membros do público", afirmou o comissário de polícia de Hong Kong, Lo Wai-chung. "(Eles) são inclinados a usar violência ou atos radicais para expressar sua opinião".
Quase 90 por cento da força policial sofreu ferimentos que foram de lacerações e hematomas a fraturas ósseas, e 54 por cento dos manifestantes foram presos, disse Lo. A televisão de Hong Kong mostrou policiais caídos sendo espancados com varas e porretes.
Muitos manifestantes e policiais também foram vistos com rostos ensanguentados.
A polícia afirmou que dois tiros de alerta foram disparados para o alto, e que também usou spray de pimenta e cassetetes para dispersar a multidão. Imagens de TV mostraram que os disparos foram feitos enquanto os manifestantes cercavam policiais de trânsito, que foram atingidos com lixo, tijolos e garrafas. Um deles chegou a ser derrubado.
Lo afirmou que a vida do agente que disparou foi ameaçada e que o incidente será investigado a fundo.
Os restos de latas de lixo incendiadas, vasos de flores, pedaços de tijolos e garrafas quebradas ficaram espalhados ao largo da avenida Nathan Road, que concentra muitas lojas e que leva ao porto na região de Tsim Sha Tsui. Um táxi com as janelas estilhaçadas estava estacionado nas proximidades.
As ruas estreitas de Mong Kok e seus arredores foram cenário de alguns dos protestos mais violentos da cidade no final de 2014, quando manifestantes exigiram mais democracia para a ex-colônia britânica, que voltou ao jugo de Pequim em 1997.
(Reportagem adicional de Anne Marie Roantree, Bobby Yip e James Pomfret)